CONGRESSO

Maia perde força ao não definir candidato para a Presidência da Câmara

Líderes avaliam que demora em anunciar escolhido para concorrer à Presidência da Câmara faz deputado perder força. Vice-presidente da Casa, Marcos Pereira deixa o grupo e lança candidatura avulsa

Correio Braziliense
postado em 11/12/2020 06:06

Apesar de ter anunciado um bloco com seis partidos, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ainda não definiu um nome para apoiar na campanha pela sucessão dele. Havia a expectativa de que o candidato fosse apresentado ainda nesta semana. Contudo, o parlamentar já desconversou sobre essa possibilidade.

Conhecido no Congresso por agregar um grupo grande de deputados, Maia já começa, na avaliação de líderes partidários, a perder força por causa dessa indefinição por um candidato. A articulação vai na contramão do principal adversário dele, o líder do Centrão, Arthur Lira (PP-AL), que oficializou a candidatura e já anda negociando com as bancadas da Casa.

O primeiro revés de Maia aconteceu ontem, quando um de seus principais aliados e atual vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP), decidiu deixar as negociações com o democrata. O deputado paulistano era apontado com um dos possíveis nomes de Maia, no entanto, agora, pretende lançar sua candidatura como uma terceira via.

“Reuni a bancada (Republicanos) e decidimos não aderir ao bloco do Maia, porque não vamos entrar em um jogo já jogado. Entendemos que esse jogo já está todo combinado”, disse, reclamando por não estar entre os preferidos de Maia para a corrida eleitoral. Além dos 32 deputados do seu partido, Pereira recebeu a sinalização de apoio do Podemos, que conta com 10 parlamentares. O bloco do presidente da Câmara é composto por PSL, MDB, PSDB, DEM, Cidadania e PV, que somam 157 deputados.

Além do Republicanos, partidos da oposição já começam a se movimentar contra Maia. Integrantes de PT, PSB, PCdoB, PDT e PSol sinalizam conversas com Lira. O bloco é tido como fiel da balança para que alguma candidatura consiga vencer a eleição.

“Estamos em conversas preliminares. Não tem nada definido, estamos ouvindo as propostas dele (Lira)”, disse, ao Correio, um líder da oposição. “Lira já é candidato oficial, enquanto isso, Maia não apresenta um nome, então a gente conversa com quem é candidato”, alegou outro parlamentar da esquerda.

A candidatura de Lira conta com a chancela de oito partidos de centro. Juntos, PL, PSD, Solidariedade, Avante, PSC, PTB, Pros, Patriota e PP somam cerca de 170 deputados.

Ironia

Apesar dessas sinalizações, Maia ressaltou, ontem, ao dizer que “quem larga na frente nem sempre ganha”. Ao comentar a sua articulação, o presidente da Câmara mencionou a situação do deputado Celso Russomanno (Republicanos-SP), que acumula três derrotas na disputa à Prefeitura de São Paulo, após largar na frente nas pesquisas de intenção de voto.

“Você acompanha as eleições em São Paulo, não acompanha? Há quantas eleições o Celso Russomanno sai na frente e termina em último? Ou em quarto ou terceiro? Sair em primeiro não significa nada. O que significa é a construção de um projeto político que fique de pé”, enfatizou.

Mais uma vez, o deputado aproveitou para criticar o governo de Jair Bolsonaro pela participação nas discussões envolvendo o comando da Casa — o Palácio do Planalto apoia Lira e vem trabalhando para angariar votos em favor do líder do Centrão. Ele também disse que não tem preferências pessoais sobre quem será o escolhido para concorrer na disputa pelo seu bloco. “Como não posso escolher meus filhos, a preferência nunca será pessoal, é sempre uma preferência de quem consegue manter de pé um projeto para derrotar essa pressão, essa pata do governo dentro da Câmara dos Deputados, que vai ser muito ruim”, disparou.

Risco

Maia alegou que o governo está interferindo na disputa pela pauta de costumes e temas como o armamento, e não pela agenda econômica. “Não está tentando interferir pela pauta econômica. Está tentando pela pauta de costumes, armas, meio ambiente, minorias é muito claro isso. Vai colocar em risco o ambiente de relacionamento por todo esse campo da centro-direita, que sempre votou a pauta sem precisar de emenda e cargo”, destacou.

Sobre a saída de Marcos Pereira do grupo, Maia lamentou, dizendo que o líder do Republicanos mostrou uma capacidade de articulação maior do que a esperada. Sem Pereira, seguem na lista pela bênção de Maia os deputados Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Baleia Rossi (MDB-SP), Elmar Nascimento (DEM-BA) e Luciano Bivar (PSL-PE).

“Estamos conversando com os partidos de esquerda, com os deputados, individualmente. Agora, os partidos precisam fechar isso para que fique mais fácil essa articulação”, completou o democrata. “Cada vez, fica mais claro que é um ambiente da candidatura do Bolsonaro e de uma outra candidatura que vai se formar e vai consolidar um outro campo, que quer, de fato, diálogo.” As eleições para as presidências da Câmara e do Senado vão ocorrer em 1º de fevereiro de 2020.

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