A deputada federal Bia Kicis (PSL) fez uma publicação controversa em seu perfil no Twitter, na quarta-feira (2/12). Sem apresentar provas ou embasamentos científicos, a parlamentar afirmou que as vacinas contra a covid-19 são experimentais e que “trazem inovações desconhecidas em seres humanos”, citando como exemplo as vacinas 'NRA' que, segundo a deputada, “podem afetar o DNA”.
Registre-se que as vacinas do covid-19 são experimentais e algumas inclusive trazem inovações desconhecidas em seres humanos como as vacinas NRA, que podem afetar o DNA.
— Bia Kicis (@Biakicis) December 2, 2020
Logo em seguida, a informação foi corrigida por especialistas na rede social:
Moça, vacinas de RNA não afetam o DNA. Não possuem essa característica integradora. Sequer o RNA chega no núcleo, local onde o DNA encontra-se.
— Mellanie Fontes-Dutra, PhD (@mellziland) December 2, 2020
E nesse caso da mudança em nosso DNA, não há qualquer plausibilidade biológica.
— Bruno Filardi, MD, PhD (@mab_sp125) December 2, 2020
O mRNA nao vai ao núcleo celular. E para integração com DNA precisaríamos de uma enzima (transcriptase reversa)para transformar o mRNA em DNA. E não temos essa enzima. +
Alguém avisa pra ela que:
1. É RNA, não NRA (isso é a National Riffle Association)
2. NÃO É VACINA KAFKIANA QUE NOS TRANSFORMA EM QUIMERAS.
3. O RNA MENSAGEIRO NÃO AFETA NOSSO DNA. Isso é uma impossibilidade biológica.
Tem vídeo no canal e áudio no podcast sobre isso. https://t.co/eX6CV1bwdg— Monica de Bolle, PhD (@bollemdb) December 3, 2020
As vacinas ‘NRA’ citadas por Kicis, na verdade, são as vacinas de RNA mensageiro, fabricadas pela Pfizer e pela Moderna, que não alteram o DNA ou causam qualquer tipo de alteração no material genético humano.
Em outra postagem, a própria deputada reconhece não saber "o que é real ou não" sobre o tema:
Não sabemos o que é real ou não sobre isso mas há médicos que fazem essas afirmações, portanto, não podemos simplesmente desprezar essas informações
— Bia Kicis (@Biakicis) December 2, 2020
Procurada pela reportagem, Bia Kicis disse, em nota, que é a favor de que a vacinação seja facultativa: "Falamos aqui de um produto experimental. Ninguém é obrigado a se submeter a tratamento experimental. É muito diferente das vacinas contra sarampo e caxumba, que são obrigatórias por serem atestadas e necessárias no nosso contexto social. Não somos cobaias".
Confira a nota da deputada na íntegra:
"O projeto 4506/20, de minha autoria, retira a vacina contra a covid-19 da lista de medidas que o estado pode tornar obrigatório. Falamos aqui de um produto experimental. Ninguém é obrigado a se submeter a tratamento experimental. É muito diferente das vacinas contra sarampo e caxumba, que são obrigatórias por serem atestadas e necessárias no nosso contexto social. Não somos cobaias.
Falamos, aqui, de produtos que demoraram mais de 10 anos para terem sua eficácia comprovada. Sem uma janela de tempo razoável, não podemos prever os efeitos colaterais que uma vacina insegura pode causar. Os resultados podem ser desastrosos.
O Código Civil prevê que ninguém precisa de submeter a tratamento que coloque sua vida em risco. Por isso, sou a favor de que a vacina seja opcional. E não há que se falar em danos coletivos ou falta de responsabilidade com o próximo, porque, se você tomar a vacina e ela te proteger, o fato de outra pessoa não tomar não te coloca em risco.
Repudio toda forma de tirania. Em nome de se fazer o bem ao povo tem-se perpetrado as maiores arbitrariedades."
*Estagiária sob supervisão de Fernando Jordão
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