O presidente Jair Bolsonaro voltou a questionar o sistema eleitoral neste domingo (29/11). No Rio de Janeiro, após ter registrado seu voto no segundo turno das eleições, o chefe do Executivo afirmou que nas eleições presidenciais havia reclamações de eleitores que tentavam votar nele, mas não conseguiam porque a tecla "estaria colada". O mandatário, no entanto, não apresentou provas.
"Pode ser que alguma reclamação não proceda, mas são demais. Na minha eleição, em 2018, só entendo que fui eleito porque tive muito, mas muito voto. Agora, tinha reclamações que o cara ia votar no dia 17 e não conseguia votar, mas votava no 13".
Bolsonaro falou sobre um eventual burlamento da urna eletrônica, ironizou dizendo que "pediriam provas" do ocorrido e ressaltou não confiar no atual sistema de votos brasileiro.
"O que aconteceu em muitas sessões: Vão querer que eu prove. É sempre assim. O cara botava um pingo de cola na tecla 7 e aí você não votava no 17. Isso é um tipo de adulteração, de forçação de barra. Mas a confiança no voto eletrônico, basta você ver em outros países. Onde essa forma de votação é feita? Basicamente no Brasil, basicamente aqui. Então, a partir desse momento, você tem que ter uma forma ou outra mais confiável para você votar", declarou.
O mandatário pediu, ainda, que a apuração dos votos seja pública. "A apuração tem que ser pública, não pode ser meia dúzia de pessoa para contar o voto do Brasil todo. Isso está errado. Está até na própria Constituição, a apuração tem que ser pública".
Bolsonaro, então, completou dizendo que pretende brevemente mostrar indícios de que houve fraude nas eleições de 2018, apesar de ter ganho o pleito. Ele justificou ser "impossível" que estivesse quase empatado na época com Fernando Haddad (PT). Em março, o presidente já havia dito que apresentaria provas do que vem dizendo, o que não se concretizou até o momento.
"Tenho ouvido falar sobre possível fraude. Eu pretendo brevemente mostrar a vocês. Vamos mostrar para vocês a apuração minuto a minuto que acontecia no TSE. Era alternado em duas horas. No primeiro minuto, eu ganhei. No segundo minuto, Haddad ganhou e, assim, intercalando. Estatisticamente isso é impossível. É a mesma coisa de eu contar os grãos de areia do Copacabana agora. Quantos grãos de areia tem lá? Isso tem que deixar de existir", bradou.
"É pedir muito isso?"
O presidente insistiu no voto impresso para a próxima corrida presidencial, alegando que "ninguém põe a mão" na cédula e questionou se "era demais" pedir pela mudança.
"Não podemos continuar votando e não sabendo, não tendo a certeza se aquele voto foi ou não para aquela pessoa. E deixar bem claro, o voto impresso ninguém põe a mão no papel. Fica atrás do visor. Ele concorda depois de o voto dele ter sido impresso e cai dentro de uma urna e daí qualquer um delegado, qualquer um, presidente do partido pode pedir a recontagem naquela área e aí você vai ter a comprovação do voto eletrônico com o de papel, é pedir muito isso? No meu entender, quem não quer entender isso não sei o que pensa sobre democracia", disparou.
"Eu, como presidente da República, quero voto impresso já. Eu quero transparência e olha que eu tenho poder na mão, jamais usarei essa máquina em proveito eleitoral de quem quer que seja", complementou.
Voto por telefone
Bolsonaro também ironizou a ideia do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, de liberar o voto por meio de smartphones futuramente. Sem citar diretamente o nome do ministro, o presidente disse que "tem gente que nunca entrou na casa do pessoal humilde".
"Alguns falam em voto por telefone. Tem gente que nunca entrou na casa de ninguém, pessoal mais humilde, comunidade, seja lá onde for, para ver como que poderia ser o voto por telefone. Seria mais complicado do que o que temos atualmente porque poderia ter regiões que foram tomadas por violência onde as pessoas votariam pelos indicados pela 'autoridade' local", relatou.
O mandatário repetiu que o voto impresso se faz necessário a título de comparação com o digital.
"Queremos confirmar o digital com o papel. O TSE tem obrigação de entregar, isso em nome da transparência. Porque temos que buscar uma maneira de tirar da cabeça do povo a dúvida de possíveis fraudes nas eleições", garantiu.
Eleições americanas
As eleições americanas também não ficaram longe das críticas de Bolsonaro, apesar de serem feitas em papel, conforme desejo do mesmo. Ele colocou em dúvida a vitória do democrata Joe Biden, afirmando ter havido "muita fraude".
"Eu tenho minhas fontes de informação de que realmente teve muita fraude lá. Teve. Isso ninguém discute. Se foi o suficiente pra definir um ou outro eu não sei. Estou aguardando um pouco mais", comentou.
China
Perguntado sobre a relação do Brasil com a China, em meio a crise detonada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro com o gigante asiático e principal parceiro comercial do país ao acusá-lo de espionagem via 5G, o presidente afirmou que não vê "problema nenhum". "Nós precisamos da China, e a China precisa muito mais de nós", limitou-se.
Sobre uma possível vitória de Eduardo Paes (DEM) sobre o atual prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) na disputa pela prefeitura paulista, Bolsonaro afirmou que manteria diálogo "normal".
"Nunca discriminamos quem quer que seja. Atendemos todos os prefeitos que nos pediram ajuda na pandemia", concluiu.
Pastel
Após votação na Escola Municipal Rosa da Fonseca, na Vila Militar, Zona Oeste do Rio de Janeiro, Bolsonaro parou em uma lanchonete para comer um pastel. Na ocasião, também posou para fotos com apoiadores. O presidente deve retornar a Brasília ainda neste domingo, no início da tarde.