A reta final das campanhas municipais aumentou a paralisia que toma conta do Congresso, desde o início de outubro. Além dos deputados e senadores que são candidatos nas eleições, muitos outros parlamentares estão em seus redutos apoiando aliados. Nessa situação, fica cada vez mais remota a possibilidade de aprovação de reformas e projetos importantes neste ano, inclusive o Orçamento de 2021.
Na Câmara, 66 dos 513 deputados federais são candidatos — 59 a prefeito e sete, a vice-prefeito. Dois senadores também concorrem ao cargo de prefeito. Entre os deputados federais, a maioria, 41, concorre nas capitais. Em algumas delas, mais de um parlamentar disputa ao mesmo cargo, como ocorre em Fortaleza, onde quatro são candidatos a prefeito: Capitão Wagner (PROS), Deuzinho Filho (Republicanos), Heitor Freire (PSL) e Luizianne Lins (PT). Em Belém, também quatro deputados federais querem a prefeitura: Cássio Andrade (PSB), Edmilson Rodrigues (PSOL), José Priante (MDB) e Vavá Martins (Republicanos).
Já na capital paulista, cinco parlamentares são candidatos — três a prefeito; dois, a vice. Disputam a prefeitura Celso Russomanno (Republicanos), Joice Hasselmann (PSL) e Orlando Silva (PCdoB). Luiza Erundina é candidata a vice na chapa do PSol, e Carlos Zarattini é vice na chapa do PT — que, aliás, é o partido com mais deputados candidatos (nove), seguido por PSL (sete), Republicanos (seis) e PSB (cinco). Ao todo, 21 partidos lançaram deputados como candidatos. Entre senadores, Jean Paul Prates (PT-RN) postula a Prefeitura de Natal, e Vanderlan Cardoso (PSD-GO), de Goiânia.
A deficiente articulação política do governo é outro entrave aos trabalhos. Também somam-se a esse quadro as obstruções feitas pela oposição, na Câmara, para exigir que o auxílio emergencial siga em R$ 600. Já os deputados do Centrão, bloco parlamentar que apoia o Planalto, têm embarreirado os trabalhos por conta do impasse em torno da Presidência da Comissão Mista de Orçamento.