O procurador federal dos Direitos do Cidadão, Carlos Alberto Vilhena, entendeu que o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime de racismo contra a população LGBTQIA+ e contra o povo maranhense ao dizer que virou “boiola” ao tomar Guaraná Jesus. Ele analisou denúncia apresentada pelo PSol. Na ação, o partido alega que o chefe do Executivo tem apresentado “de maneira reiterada e persistente, uma postura abertamente homofóbica”. A sigla pede que o Ministério Público responsabilize o mandatário pelo cometimento de crimes comuns e de responsabilidade.
As denúncias referem-se ao episódio ocorrido durante uma visita de Bolsonaro ao Maranhão, em outubro. Ao tomar o refrigerante, de cor rosa, questionou: “Agora virei boiola, igual maranhense, é isso?” “O guaraná cor-de-rosa do Maranhão, olha aí. Quem toma esse guaraná aqui vira maranhense. Guaraná cor-de-rosa no Maranhão. Que boiolagem isso aqui”, disse, aos risos. As declarações tiveram repercussões negativas, e Bolsonaro retratou-se em transmissão nas redes sociais. “Foi uma brincadeira, mas a maldade está aí. Quem se ofendeu, eu peço desculpas”, afirmou.
Para Carlos Alberto Vilhena, “as condutas ali narradas configuram, ao menos em tese, o crime de racismo — tipificação na qual se enquadram as condutas homofóbicas e transfóbicas, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”. Ele destacou que o seu papel à frente da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) resume-se a avaliações extrajudiciais e que cabe ao procurador-geral da República, Augusto Aras, provocar o Supremo para que o presidente responsa por seus atos. Vilhena encaminhou a representação à Procuradoria-Geral da República (PGR).
Quanto ao eventual crime de responsabilidade, o procurador destacou que qualquer cidadão pode denunciar o caso à Câmara. A decisão de aceitar ou não ações contra o presidente nesse sentido compete ao presidente da Casa, neste caso, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
“As condutas ali narradas configuram, ao menos em tese, o crime de racismo — tipificação na qual se enquadram as condutas homofóbicas e transfóbicas, conforme decidido pelo Supremo Tribunal Federal (STF)”
Trecho da avaliação do procurador Carlos Alberto Vilhena