O ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, criticou o presidente Jair Bolsonaro por ter comemorado a suspensão dos testes da CoronaVac, vacina contra covid-19 desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em parceria com o Instituto Butantan.
Na última segunda-feira (09/11), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu os testes da CoronaVac, após ser informada de um “evento adverso grave”. A agência autorizou a retomada nesta quarta-feira (11/10). A notificação do evento foi enviada pelol Butantan à Anvisa na última sexta-feira (06/11), que, por um problema no sistema, viu a informação depois do final de semana. A agência alegou que não recebeu informações complementares e que, em casos assim, a decisão técnica imediata é de suspender os testes.
Ao comentar o fato em uma rede social, o presidente escreveu que mais uma vez “Jair Bolsonaro ganha”, considerando o fato uma vitória sobre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem trabalhado pela vacina no estado. No mês passado, Bolsonaro, inclusive, desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, que havia anunciado a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac. Na ocasião, chamou o imunizante de "vacina chinesa do governador de São Paulo", seu possível adversário na corrida presidencial de 2022.
Apesar das explicações da Anvisa, o Butantan criticou a decisão de suspender os testes. O evento adverso apontado, depois se soube, tratou-se do suicídio de um voluntário, não guardando relação com os testes.
Uma notificação também foi enviada à Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep), que não suspendeu os testes. Ao Correio, o coordenador do grupo, o médico Jorge Venâncio, afirmou que parar os estudos da não foi sequer cogitado. A Conep foi informada, também na sexta-feira, mas, por avaliar que faltavam informações, chamou o coordenador do estudo clínico no Brasil, o médico Esper Kallás, professor da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), para mais explicações.
Na ocasião, fizeram todas as perguntas que julgaram necessárias e avaliaram que a morte do voluntário não tinha relação com os testes. No Brasil, os protocolos de pesquisa são analisados tanto pela Conep, ligada ao Conselho Nacional de Saúde (CNS), quanto pela Anvisa. São dois olhares diferentes. No caso da Conep, observa-se a segurança dos participantes e se direitos deles estão sendo garantidos.