Em discurso no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro fez, na tarde desta terça-feira (10/11), uma menção indireta ao presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden. Sem citar o democrata nominalmente, o chefe do Executivo disse que diplomacia não é suficiente para "fazer frente a tudo isso".
Para Bolsonaro, é necessário ter pólvora, ainda que não seja usada. Ele lembrou que "um grande candidato a chefe de Estado" disse recentemente que iria impor barreiras comerciais contra o Brasil se ele não apagar o fogo na Amazônia.
"Assistimos há pouco um grande candidato a chefe de Estado dizer que se eu não apagar o fogo na Amazônia, levanta barreiras comerciais contra o Brasil. Como é que nós podemos fazer frente a tudo isso? Apenas na diplomacia não dá. Porque quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem. Esse é o mundo", disse Bolsonaro.
O presidente brasileiro é um dos poucos chefes de Estado do mundo que ainda não reconheceram a vitória de Biden sobre Donald Trump, para quem torcia publicamente. Mesmo líderes que mantinham boa relação com Trump, como o britânico Boris John e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, cumprimentaram o presidente eleito.
Mais cedo, durante o mesmo evento, Bolsonaro afirmou que o Brasil deveria deixar "de ser um país de maricas" ao falar sobre como se deve enfrentar a pandemia da covid-19. "Tudo agora é pandemia. Tem que acabar com esse negócio. Lamento os mortos. Lamento. Todos nós vamos morrer um dia", disse. A pandemia já matou mais de 162 mil brasileiros e infectou 5,6 milhões de pessoas.
Amazônia
Durante a disputa presidencial americana, o então candidato democrata Joe Biden tocou em um dos pontos centrais de seu plano de governo, a questão climática, e citou o Brasil ao mencionar o papel de liderança que os Estados Unidos deveriam assumir no tema. "A Floresta Amazônica no Brasil está sendo destruída, arrancada. Mais gás carbônico é absorvido ali do que todo carbono emitido pelos EUA. Eu tentarei ter a certeza de fazer com que os países ao redor do mundo levantem US$ 20 bilhões e digam (ao Brasil): Aqui estão US$ 20 bilhões, pare de devastar a floresta. Se você não parar, vai enfrentar consequências econômicas significativas", disse Biden durante um debate.
Na época, Bolsonaro disse que o Brasil não aceitaria "subornos" e classificou a declaração como "lamentável".