ELEIÇÃO NOS EUA

Mourão: Brasil deve se manter neutro caso eleições americanas parem na Justiça

Segundo o vice-presidente, o país não deve interferir em questões internas dos Estados Unidos. Declaração vai contra afirmações do presidente Jair Bolsonaro, que manifestou apoio a Donald Trump.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, declarou, nesta terça-feira (3/11), dia da eleição presidencial nos Estados Unidos, que o Brasil deve se manter distante do pleito no caso de a disputa pela Casa Branca ser judicializada.

No último fim de semana, o presidente norte-americano, Donald Trump, ameaçou dar início a uma batalha judicial para contestar o resultado do pleito por não concordar com decisão da Suprema Corte, segundo a qual os votos enviados pelo correio podem ser apurados depois do dia da eleição.

De acordo com Mourão, se a eleição virar caso de Justiça, o Brasil tem de manter uma posição neutra. "Não temos nada a ver com as questões internas americanas. Isso é princípio constitucional nosso. A gente não admite ingerência nos nossos assuntos internos e também não fazemos nos assuntos internos dos outros", opinou o general, ao falar com jornalistas, no Palácio do Planalto.

O vice-presidente disse ainda que o Brasil deve manter o relacionamento com os Estados Unidos independentemente do resultado das urnas. Pesquisas norte-americanas que analisam as intenções de voto colocam Joe Biden à frente de Donald Trump.

"O relacionamento do Brasil com os Estados Unidos é um relacionamento de Estado para Estado, independentemente do governo que estiver lá. Claro que cada governo tem suas prioridades, tem suas características pontuais, mas, no conjunto da obra, nós vamos continuar com as mesmas ligações", afirmou.

A declaração dele vai contra os posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro, que já declarou torcida por Trump em diversas oportunidades. Na manhã desta terça-feira, inclusive, Bolsonaro publicou um texto nas redes sociais em que alerta para o risco de as eleições americanas serem alvo de ingerências externas. Na publicação, ele diz que o mesmo tipo de interferência pode acontecer no Brasil em 2022.

Sobre o apoio de Bolsonaro a Trump, Mourão comentou que "isso é bobagem" e uma "opinião pessoal dele". Contudo, reconheceu, logo depois, que o posicionamento do mandatário é o que deve ser seguido por todo o governo. "Se bem que quando o presidente fala, ele fala por todos do governo", analisou.

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