O vice-presidente Hamilton Mourão ignorou o mal-estar provocado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que acusou os chineses de fazerem espionagem por meio da tecnologia 5G, e disse, ontem, que a parceria entre Brasil e China oferece “bases sólidas para expandir e diversificar” as relações econômicas entre os dois países. Em evento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), ontem, ele destacou que o governo de Pequim é o maior parceiro comercial do país, quadro que não foi afetado pela pandemia da covid-19.
“O governo chinês identifica com clareza a nova dinâmica da economia mundial que alia crescimento econômico e sustentabilidade”, afirmou Mourão.
Em sua fala, ele ressaltou a “complementaridade” das duas economias. Segundo ele, as relações entre os dois países se baseiam em oportunidade e estratégia. “Novas estratégias chinesas de economia circular e sustentabilidade representam oportunidade para ampliarmos nossas relações econômicas”, disse.
Produtividade
O vice-presidente afirmou que a parceria com a China contribuiu para o aumento da produtividade do agronegócio brasileiro ao longo dos anos, mas ponderou que é preciso analisar novas oportunidades de intensificar relações em outros setores. “Precisamos, agora, lançar o olhar para o futuro para ampliar e diversificar relações existentes”, salientou.
O CEBC lançou um estudo sobre as relações entre os dois países, que sugere a negociação de acordos comerciais e a ampliação da presença de representantes de instituições brasileiras no país asiático. Entre outros pontos, o levantamento indica a necessidade de ampliar e reforçar a presença institucional brasileira na China. Como representante brasileiro na Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação (Cosban), Mourão participou do lançamento.
Mas, na chegada à Vice-Presidência, de manhã, ele amenizou as declarações do filho do presidente da República, Jair Bolsonaro. Eduardo apagou a publicação em suas redes sociais com as acusações. A embaixada da China reagiu e afirmou, em nota, que as declarações do deputado “além de desrespeitarem os fatos da cooperação sino-brasileira e do mútuo benefício que ela propicia, solapam a atmosfera amistosa entre os dois países e prejudicam a imagem do Brasil”.
Sobre o assunto, Mourão disse que a posição do filho do presidente se trata apenas de uma “declaração” e que a Comissão de Relações Exteriores da Câmara, presidida por Eduardo no ano passado, não faz parte do governo.
Na quarta-feira, o Ministério das Relações Exteriores saiu em defesa de Eduardo Bolsonaro ao considerar “ofensiva” a nota emitida pela Embaixada chinesa no Brasil, em reação ao tuíte do deputado.n
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