O presidente Jair Bolsonaro declinou a solicitação para que prestasse depoimento no âmbito do inquérito da Polícia Federal que investiga suposta interferência do chefe do Executivo da corporação. O comunicado da Advocacia-Geral da União (AGU) foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), com data do dia 25 de novembro, última quarta-feira.
Além de abrir mão de prestar depoimento, ressaltando que o presencial foi o único meio que lhe foi oportunizado, a AGU ainda pediu o "pronto encaminhamento dos autos à Polícia Federal para elaboração de relatório final a ser submetido, ato contínuo, ainda dentro da prorrogação em curso, ao Ministério Público Federal".
O imbróglio relativo à possibilidade de que ele preste depoimento por escrito ainda está no Supremo Tribunal Federal (STF). Antes de aposentar, o ministro Celso de Mello, então relator do caso, votou para que a oitiva fosse presencial.
Mais cedo, o Correio mostrou que a investigação não teria provas o suficiente para apontar suposta interferência e que a PF iria concluir o inquérito após depoimento do presidente. A reportagem apurou que a tendência é que o caso seja arquivado a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), tendo em vista as evidências frágeis que foram levantadas para imputar crime ao presidente.
"Surpresa"
O inquérito teve início depois que o ex-ministro Sergio Moro acusou o presidente de interferência na PF ao pedir demissão da pasta. O advogado de Moro, Rodrigo Sánchez Rios, disse em nota que a defesa recebeu com surpresa o declínio do presidente "de atender à determinação para depor em inquérito no qual é investigado.
"A negativa de prestar esclarecimentos, por escrito ou presencialmente, surge sem justificativa aparente e contrasta com os elementos reunidos pela investigação, que demandam explicação por parte do presidente da República", pontuou.
Uma das principais provas da PF é o vídeo da reunião do dia 22 de abril, citado por Moro. No encontro, Bolsonaro chega a dizer que não iria esperar "foder a família" para trocar alguém da segurança.
"Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui para brincadeira", disse o presidente. No entanto, as declarações, por si só, não são suficientes para concluir pela interferência no trabalho policial.
No comunicado da AGU enviado ao STF, a advocacia diz que "a publicização do inteiro teor de gravação" da reunião "demonstrou completamente infundadas quaisquer das ilações que deram ensejo ao presente inquérito, o mesmo valendo para todos os demais elementos probatórios coletados nos presentes autos".
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