Interferência na PF

Delegada que investiga Bolsonaro deixa chefia na PF, mas continua em inquérito

Christiane Correa Machado era chefe do Serviço de Inquéritos Especial, área que investiga autoridades com foro privilegiado. Informação é de que ela pediu para sair

Sarah Teófilo
Renato Souza
postado em 26/11/2020 14:54 / atualizado em 26/11/2020 14:55
 (crédito: Alex Ferreira/Câmera dos Deputados)
(crédito: Alex Ferreira/Câmera dos Deputados)

A delegada da Polícia Federal Christiane Correa Machado, que comanda o inquérito que investiga suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro na corporação, deixou a chefia do Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq), área que investiga autoridades com foro privilegiado. A informação é de que ela continuará no inquérito relativo ao chefe do Executivo.

O inquérito teve início a partir de acusações do ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro de que o presidente teria interferido na PF. As diligências conduzidas até agora não encontraram elementos suficientes para caracterizar uma investida de Bolsonaro com interesses pessoais e intenção de proteger amigos e familiares.

Os investigadores avaliam que a PF só consegue concluir o inquérito após o depoimento do presidente Jair Bolsonaro, que ainda não sabe se pode depor por escrito ou pessoalmente, pois o tema está em debate no Supremo Tribunal Federal (STF). O então relator do caso, ministro Celso de Mello, que deixou o cargo no mês passado, votou para que a oitiva seja presencial.

Christiane estava no cargo desde agosto de 2019. A informação é de que ela teria pedido para sair. A delegada será substituída por Felipe Leal, que foi chefe da contrainteligência da PF e está na instituição há mais de 15 anos.

O diretor-geral da PF é Rolando Alexandre de Souza, que assumiu em meio à tensão e polêmica, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes vetou a nomeação de Alexandre Ramagem (diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência — Abin) ao cargo. O ministro falou em princípios de impessoalidade em sua justificativa.

Na época, o então diretor Maurício Valeixo teria saído por ordem de Bolsonaro, que queria colocar Ramagem no lugar, conforme afirmou Sergio Moro. Foi colocado no Diário Oficial da União (DOU) que a exoneração do cargo era “a pedido”, mas foi corrigido depois que Moro negou que Valeixo tivesse solicitado a mudança.

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