Crise Diplomática

Após crise gerada por Eduardo, Mourão exalta relação entre Brasil e China

"Oportunidade e estratégia andam juntas em nosso relacionamento", disse o vice-presidente da República. Ele ressaltou expertise tecnológica da China após filho de Bolsonaro acusar país asiático de espionagem via 5G e receber resposta dura dos chineses

Sarah Teófilo
postado em 26/11/2020 14:08 / atualizado em 26/11/2020 16:05
 (crédito: Evaristo Sá/AFP)
(crédito: Evaristo Sá/AFP)

O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB) destacou nesta quinta-feira (26/11), em uma videoconferência promovida pelo Conselho Empresarial Brasil-China, a parceria com o país asiático. "Oportunidade e estratégia andam juntas em nosso relacionamento com a China. A China é nosso maior parceiro comercial há uma década", disse.

A fala do vice-presidente ocorre após o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, iniciar uma crise com o gigante asiático ao acusá-lo de espionagem via 5G. Depois disso, a embaixada chinesa publicou uma dura nota criticando o parlamentar e dizendo que as personalidades brasileiras devem "deixar de seguir a retórica da extrema direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e evitar ir longe demais no caminho equivocado".

Mourão ainda ressaltou que a crise mundial gerada pela pandemia não alterou o quadro de parceria entre os dois países. "Ao contrário: as autoridades chinesas estimam que a importação de produtos brasileiros bateu recorde em 2020, contrastando com o contexto de desaceleração generalizada verificado no comércio internacional", disse.

Ainda nesta quinta-feira, o vice-presidente minimizou os tuítes de Eduardo Bolsonaro, dizendo que tratou-se apenas de uma "declaração" de um deputado.

"União e cooperação"

O vice-presidente ainda ressaltou a expertise tecnológica da China. "Para enfrentar esse desafio, poucos parceiros internacionais contam com capacidade e recursos tecnológicos e financeiros como a China. A  transversalidade da temática ambiental deve ser motivo de união e cooperação internacional, o que não significa abrir mão da escolha soberana de cada país pelo modelo de desenvolvimento que melhor atende aos anseios das suas respectivas populações", afirmou.

Mourão reforçou, inclsuive, que "as novas estratégias chinesas de economia circular e sustentabilidade representam oportunidade para ampliar e diversificar nossas relações econômicas bilaterais".

"Ameaça velada"

Ao Correio, Eduardo Bolsonaro disse na última quarta-feira (26) que o país asiático adota uma postura agressiva e lamenta a nota publicada pela embaixada chinesa. "A China adota uma postura muito agressiva, isso é lamentável. E é lamentável que na parte final da nota ela ainda sirva da fala individual de um parlamentar (Eduardo Bolsonaro), ainda que presidente da Comissão de Relações Exteriores, para, na minha visão, fazer uma ameaça velada ao Brasil", afirmou.

Apesar de ter apagado a publicação, o parlamentar reiterou suas preocupações, dizendo ter suas convicções e suspeitas fundadas". "Não à toa está se formando, devido a essa preocupação fundada, uma aliança internacional para analisar essa questão do 5G", disse.

 

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