As diligências em andamento para apurar o ataque cibernético sofrido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revelam que os criminosos acessaram informações recentes armazenadas nos servidores da Corte. No dia da eleição, uma análise preliminar da Polícia Federal apontou que as informações publicadas na internet eram de anos anteriores. No entanto, uma análise posterior revelou que dados armazenados referentes a 2020 também foram alvos de vazamentos.
Apesar da amplitude do ataque, as diligências indicam que as informações acessadas foram até setembro deste ano, e não alcançaram o período das campanhas, análises de contas e o dia da votação. A informação foi revelada pelo jornal O Globo, e confirmada pelo Correio junto a fontes ligadas às investigações. A investida ocorreu por meio de vulnerabilidades no site do Tribunal e se valeu de formulários para encontrar brechas no sistema de segurança para acessar a intranet, que continha as informações que foram vazadas.
De acordo com informações obtidas pelo Correio, já estão em poder da Procuradoria-Geral da República (PGR), informações colhidas pela ONG Safernet, que devem ajudar as autoridades a entender de onde partiu o ataque e chegar até os autores do crime, seja no Brasil ou no exterior. Apesar de terem usado servidores baseados em nações estrangeiras, acredita-se que os responsáveis pelo ataque estejam em território nacional e usaram máscaras de endereço de IP para ocultar a localização.
Além dos inquéritos policiais, as informações da ONG devem colaborar para a elucidação do ataque de negação de serviço, que inundou o site do TSE de acessos robóticos para tentar sobrecarregar os servidores e derrubar a página.
Comissão de segurança
O presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, determinou a criação de uma Comissão de Segurança Cibernética para acompanhar a investigação da Polícia Federal sobre os ataques contra os sistemas informatizados da Corte. O grupo também vai mirar outras investidas criminosas para desacreditar o sistema eleitoral, como a divulgação de notícias falsas sobre o processo de votação. A comissão será presidida pelo ministro Alexandre de Moraes, que já conduz um inquérito sobre fake news em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o TSE, também integram a comissão o corregedor-geral, ministro Luis Felipe Salomão; o delegado federal Disney Rosseti, assessor Especial de Segurança Institucional do órgão; dois juízes auxiliares; e um representante da Secretaria da Tecnologia da Informação (STI) da Corte. O Tribunal ressaltou que o atraso de duas horas na divulgação dos resultados das eleições no último domingo não tem relação com os ataques.
O TSE informou, também, que a comissão leva em consideração que durante a votação ocorreram “incidentes em sistemas on-line do Tribunal Superior Eleitoral potencialmente decorrentes de ataques cibernéticos praticados de modo criminoso e mediante ação coordenada de grupo com a finalidade de prejudicar o processo eleitoral”.
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