POLÍTICA

Moraes decreta prisão domiciliar e tornozeleira em blogueiro bolsonarista

Segundo o ministro do STF, Oswaldo Eustáquio é autor de fake news e "vem, sistematicamente, descumprindo medidas cautelares"

Agência Estado
postado em 17/11/2020 13:36
 (crédito: Reprodução/Redes Sociais)
(crédito: Reprodução/Redes Sociais)
A Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã desta terça-feira, 17, um mandado de busca e apreensão na residência do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio. A ordem partiu do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também determinou a prisão domiciliar do bolsonarista com uso de tornozeleira eletrônica em razão do descumprimento de medidas cautelares decretadas anteriormente no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos - entre elas as proibições de se ausentar de Brasília sem autorização e de usar as redes sociais. O blogueiro foi conduzido para a Superintendência da Polícia Federal em Brasília.
Segundo Alexandre, Oswaldo "vem, sistematicamente, descumprindo medidas cautelares". O ministro mencionou por exemplo que, "impedido de frequentar as redes sociais", o bolsonarista desrespeitou ordem judicial e foi autor de "inúmeras fake news" em que imputou crimes ao candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL).
Na última quarta-feira, 11, o juiz Emílio Migliano Neto, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, mandou tirar do ar vídeo publicado pelo blogueiro com acusações "sabidamente inverídicas" contra o candidato do PSOL. Três dias depois o magistrado ainda mandou suspender o canal de Oswaldo Eustáquio no Youtube após os ataques continuarem.
Além disso, Alexandre de Moraes indicou que o bolsonarista foi identificado em São Paulo durante o debate do portal UOL com candidatos à Prefeitura da capital paulista, citando ainda cartão de embarque do investigado, partindo, no dia 13 de novembro às 6h45m do aeroporto Santos Dumont, no Rio, com destino à Brasília.
"Como se vê, os fatos revelam-se gravíssimos. O investigado insiste em descumprir as medidas que lhe foram impostas, em verdadeira afronta ao órgão judiciário e à administração da Justiça", registrou o ministro do STF. A decisão levou em consideração um parecer da Procuradoria-Geral da República.
O relator do inquérito dos atos antidemocráticos ressaltou ainda que o descumprimento das medidas restritivas por Oswaldo Eustáquio "veio acompanhado da prática de supostas infrações penais", o que motivou a expedição de nova ordem de busca e apreensão no domicílio pessoal e profissional do bolsonarista para colher novos elementos de prova.
Oswaldo Eustáquio é investigado junto do blogueiro Allan dos Santos e da extremista Sara Giromini no inquérito que apura suposto esquema de organização e financiamento de atos em defesa da ditadura militar e pelo fechamento do Congresso Nacional. No fim de junho, ele foi preso pela Polícia Federal em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Nove dias depois, o ministro Alexandre de Moraes mandou soltar o blogueiro, mas determinou que Eustáquio não usasse redes sociais, "apontadas como meios da prática dos crimes ora sob apuração", além de proibir que o investigado ficasse a menos de um quilômetro da Praça dos Três Poderes ou das residências dos ministros do STF.
A decisão ainda proibiu Eustáquio de manter contato com outros investigados no processo e mobilizar ou integrar manifestações de "cunho ofensivo" a Poderes ou que incitem "animosidade das Forças Armadas", assim como de sair do Distrito Federal sem autorização da Justiça.
 

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