ELEIÇÕES

Eleitores terão uma hora a mais neste domingo para poder votar

Com a crise sanitária da covid-19, Tribunal Superior Eleitoral alterou o horário de funcionamento das zonas eleitorais, no pleito de amanhã, e adotou uma série de medidas de segurança. O uso da biometria foi vetado

Carinne Souza*
postado em 14/11/2020 06:54 / atualizado em 14/11/2020 06:55
 (crédito:  Marilia Lima/CB/D.A Press)
(crédito: Marilia Lima/CB/D.A Press)

As eleições municipais de 2020 ocorrem num momento singular do país e do mundo, em meio à pandemia causada pela covid-19. Para que a votação seja segura, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os Tribunais Regionais Eleitorais (TRE) fizeram uma série de adaptações para amanhã. Além de novas tecnologias para auxiliar no dia da votação, foram impostas rígidas medidas de contenção do novo coronavírus.

Os eleitores terão uma hora a mais para ir até a zona eleitoral e escolher os candidatos. Antes da crise sanitária, a votação ocorria das 8h às 17h. Amanhã, será das 7h às 17h.

ilustração
ilustração (foto: Editoria de ilustração)

Nas zonas eleitorais, mesas, cadeiras e canetas serão higienizadas. Os mesários usarão máscaras e protetores faciais de plástico (face shield). Álcool em gel estará disponível em cada mesa. O distanciamento social também vai ser respeitado — o eleitor deve ficar a uma distância mínima de um metro do mesário. A Justiça Eleitoral pede que não se levem acompanhantes, principalmente crianças.

O uso de máscaras é obrigatório para todos os eleitores. O distanciamento das filas também deve ser respeitado — haverá faixas demarcadas no chão.

De acordo com o TSE, os mesários não devem higienizar as urnas eletrônicas, a fim de evitar risco de danos ao objeto ou qualquer outra eventualidade. Apenas técnicos designados pela própria Corte e pelos cartórios eleitorais estarão autorizados a desempenhar esse trabalho.

O uso da biometria para o voto também não será feito. O TSE justificou a medida: “Primeiro, para reduzir a aglomeração e formação de filas de eleitores, tendo em vista que o uso da biometria pode tornar a votação mais demorada. Em segundo lugar, para reduzir os pontos de contato do eleitor com objetos e superfícies, já que a higienização constante do leitor biométrico poderia danificar o aparelho”.

*Estagiária sob supervisão de Cida Barbosa

Pelo país

Candidatos sofrem atentados

Em menos de 24 horas, a dois dias das eleições municipais, dois candidatos, um em Mairinque, em São Paulo, e outro em Magé, na Baixada Fluminense, foram alvos de atentados a tiros. O vereador e candidato a prefeito pelo MDB, Rafael de Oliveira Dias, o Rafael da Hípica, e o candidato a vereador Kleiton Sodré (PSL), conhecido como Kleiton Gatão, escaparam ilesos dos ataques. No início a madrugada de ontem, a casa de Rafael Dias foi atingida por disparos de arma de fogo. O candidato estava com a família, mas ninguém se feriu. Já Kleiton Sodré foi atacado quando chegava para abastecer em um posto de combustíveis. Além dele, um cabo eleitoral também estava no carro, que era blindado. Ninguém ficou ferido.

Datas para pleito em Macapá

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Amapá decidiu, ontem, realizar os dois turnos das eleições municipais de Macapá em 13 e 27 de dezembro. O novo calendário precisa, ainda, ser aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Na quinta-feira, a Justiça adiou a votação devido ao apagão em 13 municípios, incluindo a capital, que sofrem com problemas de fornecimento de energia.

Consumo de bebidas liberado em São Paulo

O estado de São Paulo definiu que não vai adotar restrições para o consumo e comercialização de bebidas alcoólicas nos dias de votação das eleições municipais deste ano. De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), embora não haja a determinação para as eleições, “a polícia paulista continuará realizando pontos de bloqueio para a fiscalização da Lei Seca no trânsito”. A última vez que o estado instituiu Lei Seca em pleitos foi em 2006. Consultado sobre a questão, o Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) informou que a adoção da medida “é competência da Secretaria de Segurança Pública”.

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Controle na campanha pela internet

As redes sociais ganharam espaço nas eleições municipais durante a pandemia. Mas nem todos os partidos saíram com a certeza de que as ações pelas plataformas trouxeram o mesmo resultado que o tradicional corpo a corpo, por sua vez, relegado à segunda maior estratégia. A expectativa é de que o poder das campanhas pela internet seja mais bem avaliado após a votação de amanhã e, nos casos em que houver segundo turno, após 29 de novembro. Ainda assim, o trabalho virtual com eleitores deu forma às equipes de candidatos a prefeitos, principalmente. Mesmo em municípios menores, foram criados grupos de respostas a ataques com fake news; e juristas passaram a trabalhar mais, seja para tirar conteúdos mentirosos ou maliciosos do ar, seja para denunciar adversários.

O impulsionamento de conteúdo, que era proibido em 2016 e foi autorizado em 2018, passou a ser recomendado nestas eleições e serviu para direcionar propaganda a grupos estratégicos. Além disso, também foi possível selecionar eleitores de regiões com maior aderência a um candidato, por exemplo, e direcionar mensagens personalizadas para esses grupos. O contato por WhatsApp também se mostrou importante, sendo o uso pelos grupos o mais difícil de controlar por ser um ambiente mais propício à difusão de fake news.

Marqueteiros que conversaram com o Correio, porém, disseram que o uso de notícias falsas e perfis controlados por computador diminuiu em relação a 2018. No WhatsApp, para ter melhor controle sobre o conteúdo, muitas equipes preferiram fazer listas de transmissão, por exemplo. E os candidatos que falam com um público mais jovem, também fizeram campanha pela rede social TikTok.

José Nivaldo Júnior, marqueteiro de diversas campanhas no Nordeste, destacou que a impressão de uma recepção menor dos eleitores pela internet tem a ver, na verdade, com a participação fora da curva ocorrida na campanha de 2018. “Ali existiam temas que mobilizaram o país. A questão municipal é por natureza dispersa, de modo que não houve uma grande onda nacional”, avaliou. “A campanha eleitoral é uma extensão politizada da vida social.

As redes sociais fazem parte indissociável da vida das pessoas. São uma extensão comunicativa de cada ser humano conectado. É natural que isso aconteça na campanha eleitoral, com a intensidade e a paixão próprias do período”, afirmou. Nivaldo destacou que o uso das redes foi complementar, e que a opção por priorizar uma ou outra rede depende do perfil de cada candidato.

Sobre fake news, o especialista afirmou que, nas eleições municipais, não foram mais relevante que os antigos “boatos eleitorais”. Mas admitiu que ainda existem candidatos usando robôs para impulsionar conteúdos e notícias falsas. “Os robôs são os principais instrumentos dos bandidos do mundo digital. Eles continuam aí. Perderam o efeito surpresa e as pessoas desconfiam quando se deparam com ações coordenadas através deles. Vão continuar aí, perigosos como assaltantes de esquina. Mas, cada vez menos decisivos para mudar comportamentos”, opinou.

Fake news

Coordenadora de marketing digital de dois candidatos do Tocantins, Nana Caê segue a mesma tônica. “Essa campanha não foi tão pesada quanto a anterior. Na de 2018, o uso de robôs e fake news foi descomunal, pois não tinha o que delimitasse. Mas, as fake news continuam. Porém, todas as campanhas estão com um jurídico mais pesado. A batalha dos advogados é muito maior. Na nossa equipe, criamos um núcleo antifake news, para monitorar e buscar notícias falsas; e construir pílulas com informações corretas, links e fontes confiáveis”, revelou.

Nana Caê disse ver melhor resultado no impulsionamento de conteúdo por internet que na campanha de rua tradicional. Essa última, contudo, ainda mobiliza muitos cabos eleitorais. “Uma coisa é fazer o movimento na rua, requer estrutura, combustível, pessoas se envolvendo. Na internet, atingimos mais pessoas. Conseguimos um controle e precisão maior, principalmente no impulsionamento. Temos uma previsão de quantas pessoas atingir. Quando fazemos uma caminhada, não sabemos quantas pessoas serão atingidas. Com os impulsionamentos, conseguimos atingir regiões específicas, classe social e sexo”, destacou.

O que não é permitido

Fique atento ao que a Justiça proíbe no caso de campanhas pela internet, segundo a Resolução 23.610, de 2019, do TSE

» O anonimato nas redes sociais na campanha é proibido, para assegurar o direito de resposta do adversário

» Campanhas não podem fazer propaganda eleitoral paga na internet, exceto o impulsionamento de conteúdos, que deve estar identificado

» O impulsionamento não pode ser feito com intermediação de terceiros e deve focar no benefício de candidatos ou partidos, nunca no prejuízo de um adversário

» É crime contratar empresas terceirizadas ou grupos para emitir mensagens ou comentários na internet com intuito de agredir opositores. A pena é de dois a quatro anos e multa

» Candidatos também não podem fazer disparo em massa de mensagens sem autorização dos eleitores-alvo, ou usar da mesma estratégia com serviço de telemarketing


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