O presidente da República, Hamilton Mourão (PRTB), disse nesta sexta-feira (13/11) que "política não pode entrar dentro do quartel”. “Se entra política pela porta da frente (do quartel), a disciplina e a hierarquia saem pela porta dos fundos”, ressaltou.
Ao dizer isso, Mourão reforçou as falas do comandante do Exército, general Edson Pujol, ditas na última quinta-feira (12), em transmissão ao vivo promovida pelo Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE). Na ocasião, o general disse que os militares não querem fazer parte da política.
“Não queremos fazer parte da política governamental ou política do Congresso Nacional e muito menos queremos que a política entre no nosso quartel, dentro dos nossos quartéis. O fato de, eventualmente, militares serem chamados a assumir cargos no governo é decisão exclusiva da administração do Executivo”, afirmou.
Ainda nesta sexta, Mourão negou que as falas de Pujol sobre as manifestações de militares que já estiveram no governo, como o ex-secretário de Governo Santos Cruz, sejam uma ação orquestrada. “Isso é uma posição nossa de muitos anos. Nós já sofremos isso, aí, antes do período de 64. Foi um problema muito sério que nós tivemos de poltiização dentro das forças, e só serviu para causar divisão”, pontuou.
O vice-presidente relatou que os próprios regulamentos preveem que “ao militar é vedado participar de eventos político-partidários”. “A política tem paixões, então você vai ter no quartel o cara do partido A e o outro que é do partido C, e acaba levando a uma discussão que termina por causar divisões”, disse.
Conforme Mourão, a situação dos militares que, como ele, estão na reserva, é diferente. “Militares da ativa realmente não podem participar disso. A nossa legislação foi mudada no período de 1964, porque o camarada era eleito, participava de processo eleito, e depois voltava para dentro do quartel. Então, isso não era salutar", apontou.
"Pólvora"
As falas do comandante do Exército, que foram endossadas pelo vice-presidente, são uma reação a uma declaração recente do presidente Jair Bolsonaro que repercutiu mal entre os militares.
Na última terça-feira (10), em evento no Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou: “Assistimos há pouco, aí, um grande candidato a chefia de Estado dizer que, se eu não apagar o fogo da Amazônia, ele levanta barreiras comerciais contra o Brasil. E como é que podemos fazer frente a tudo isso? Apenas a diplomacia não dá, não é, Ernesto (Araújo, ministro das Relações Exteriores)? Quando acaba a saliva, tem que ter pólvora, senão não funciona. Não precisa nem usar pólvora, mas tem que saber que tem”.
A fala foi uma resposta a uma declaração do presidente eleito dos EUA, Joe Biden, que em um debate durante a campanha afirmou que o Brasil sofreria sanções econômicas caso não houvesse uma ação para frear o desmatamento e as queimadas na Amazônia. O presidente eleito ainda prometeu US$ 20 bilhões ao Brasil para a preservação da floresta.
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