A Comissão Mista da Covid-19 do Congresso Nacional aprovou, nesta quarta-feira (11/11), convites para que o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, e o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, prestem esclarecimentos sobre a suspensão dos estudos clínicos da vacina CoronaVac. As pesquisas foram suspensas no começo desta semana depois da morte de um dos voluntários.
Segundo o presidente da comissão, senador Confúcio Moura (MDB-RO), a sessão com a participação de Torres e Covas está prevista para esta sexta-feira (13/11).
O imbróglio começou na segunda-feira (09/11), após a Anvisa determinar a interrupção do estudo clínico com base no registro de um "evento adverso grave". O Butantan, responsável pelos testes da CoronaVac no Brasil, afirmou que foi pego de surpresa e que a morte do voluntário não teria relação com o imunizante. De acordo com o Boletim de Ocorrência na Polícia Civil de São Paulo, ele teria cometido suicídio.
Pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro aproveitou o episódio para atacar o governador de São Paulo, João Doria. "Morte, invalidez, anomalia. Esta é a vacina que o Dória queria obrigar a todos os paulistanos tomá-la. O presidente disse que a vacina jamais poderia ser obrigatória. Mais uma que Jair Bolsonaro ganha", publicou.
Logo após a repercussão, o PSDB soltou uma nota na qual lamentou a fala de Bolsonaro e afirmou que o presidente demonstrou "estar do lado do vírus". "A atitude do presidente é mais uma prova de que coloca suas pretensões políticas acima de todos e realmente não se importa com a vida dos brasileiros. Cada vez mais ele parece estar do lado do vírus", reagiu a legenda do governador de São Paulo.
Politização
Na sessão da Comissão Mista da Covid-19, a vice-presidente do colegiado, senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA), afirmou que a Anvisa adotou "notadamente uma postura ideológica e política". Ela disse que, quando há problemas, os testes de uma vacina realmente precisam ser suspensos para apuração. No entanto, lembrou que a Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) também foi comunicada sobre a morte de um voluntário que testou a CoronaVac e, diferentemente da Anvisa, recomendou a continuidade dos estudos.
A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) encampou as críticas à politização em torno das vacinas e defendeu a credibilidade do Butantan. Ela disse que Bolsonaro é "insensível" à covid-19 e não se deve esperar que o presidente respeite a ciência.
A decisão da Anvisa, que nesta quarta-feira autorizou a retomada dos testes com a CoronaVac, levantou a desconfiança de aparelhamento político da agência e alinhamento incondicional com Bolsonaro – como já aconteceu no Ministério da Saúde.
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