Após o ministro-chefe da Secretaria de Governo, general Luiz Eduardo Ramos, ter sido chamado pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, de "maria fofoca", os líderes do governo no Congresso Nacional trabalham para colocar "panos quentes" na situação. A crítica repercutiu na ala ideológica do governo, com muito barulho contra Ramos nas redes sociais, e Salles tendo o apoio de parlamentares bolsonaristas, inclusive do próprio filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Líder do governo na Câmara, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) refutou a possibilidade de que o movimento da ala ideológica contra Ramos possa acabar por derrubá-lo como articulador do Planalto no Congresso ou mesmo da pasta que ocupa. “Ala ideológica e Congresso não conversam. [A ala ideológica] não tem repercussão na articulação política”, afirmou ao Correio. E frisou: “Não vejo esse perigo [de Ramos cair da articulação no Congresso]. Está tudo na mais absoluta tranquilidade”. O parlamentar disse ainda que a imprensa “quer criar problema onde não existe”.
Barros ressaltou não ter visto problema algum na ação de Salles contra Ramos. “É um assunto superado”, afirmou. Em entrevista ao Estadão neste sábado (24/10), o ministro do Meio Ambiente disse que o desentendimento com Ramos é "assunto encerrado". “O Salles tem o espaço dele no governo e o Ramos é muito elogiado. Não tem risco de governabilidade, e o Ramos está bem apoiado”, frisou Barros.
Neste sábado (24), diversos parlamentares correram para manifestar apoio ao general, como o próprio presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e um dos líderes do Centrão na Casa, o senador Ciro Nogueira (PP-PI). O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não deu um apoio direto, mas criticou Salles. "O ministro Ricardo Salles, não satisfeito em destruir o meio ambiente do Brasil, agora resolveu destruir o próprio governo”
Líder do governo no Congresso, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) afirmou que a crítica do ministro do Meio Ambiente não irá gerar prejuízo a ninguém. “O Ramos é da interlocução institucional com o Congresso; não influencia em nada [a crítica]. Ele está fortalecido na função dele, tem o reconhecimento de todos. A gente entende que é um mal entendido que não deixará consequências para a gente”, disse. Conforme o senador, a situação pegou mal, mas logo Salles e Ramos se encontram e se resolvem.
Sobre o desgaste dos militares no governo, com a desautorização do ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e em seguida a declaração de Salles, Gomes garantiu que o presidente Bolsonaro “tem a condução e o ponto de equilíbrio”. “Ele dá a diretriz de tudo; ele tem o poder de ação de nomear e exonerar os ministros. Não há esse ponto de atrito [com os militares]”, ressaltou.
Nesta semana, Pazuello foi colocado em uma posição de grande constrangimento depois que o presidente anunciou que não compraria vacinas CoronaVac, do laboratório chinês Sinovac, depois que o próprio Pazuello havia informado que iria adquirir 46 milhões de doses do imunizante. Como se não bastasse, Bolsonaro ainda fez um vídeo ao lado do ministro, que se recupera da covid-19, na tentativa de mostrar que estava tudo em paz.