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Chico Rodrigues estuda se afastar do Senado por 4 meses

Chico Rodrigues vem sendo aconselhado por colegas de Parlamento a pedir licença não remunerada do mandato. Seria uma forma de evitar a cassação por causa de procedimentos tanto dentro da Casa quanto no STF por causa dos mais de R$ 30 mil encondidos junto ao corpo

O senador Chico Rodrigues (DEM-RR), encontrado na semana passada com R$ 33,1 mil escondidos na cueca, tem sido aconselhado por vários parlamentares a pedir licença não remunerada por, pelo menos, quatro meses. A estratégia, segundo aliados do congressista, seria uma forma de evitar a cassação do ex-vice-líder do governo, que é alvo de procedimentos tanto no Senado quanto no Supremo Tribunal Federal (STF), que pedem o seu afastamento do cargo por conta do episódio.

Há a possibilidade de que Rodrigues anuncie a sua decisão até o fim do dia. Caso o senador se manifeste hoje, figuras próximas a ele acreditam na hipótese de cancelamento do julgamento, no plenário do STF, marcado para amanhã, da determinação do ministro Luís Roberto Barroso para que o parlamentar seja afastado por 90 dias.

O entendimento para o grupo mais próximo de Rodrigues é de que caso o senador se licencie de forma voluntária, além de se livrar de uma eventual imposição do Judiciário para deixar o Senado, ainda pode evitar que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa julgue uma representação apresentada pelos partidos Rede e Cidadania para que perca o mandato de forma definitiva.

Segundo o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), “está tendo muitas consultas aos líderes e vamos encaminhar essa questão (da licença não remunerada)”. “Vai ter uma posição sobre isso no mais tardar amanhã (hoje), ao meio dia. Os líderes estão sendo consultados para que tenha uma posição do Senado”, disse, em conversa com jornalistas.

Rodrigues, porém, já deu demonstrações de que quer evitar maiores constrangimentos dentro da Casa. Tanto que, ontem, pediu para sair do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar. O presidente do colegiado, Jayme Campos (DEM-MT), defendeu que o colega peça licença do cargo por, pelo menos, 121 dias, que é o prazo mínimo estabelecido na Constituição para que um parlamentar afastado ceda o mandato para um suplente.

“Isso seria bom para ele mostrar que está interessado na apuração dos fatos e para afastar qualquer receio de que, no exercício do mandato, tente obstruir o andamento dos trabalhos de investigação. Acho que ele tem capacidade de provar que não está envolvido em nenhuma lambança, maracutaia ou desvio de dinheiro público”, destacou Campos ao Correio.

Dinheiro lícito

Ontem, a defesa do senador afirmou que o dinheiro escondido pelo parlamentar na cueca não tem origem ilícita, e que seria usado para pagar funcionários de uma empresa que pertence à sua família. Em nota enviada à imprensa, os advogados Ticiano Figueiredo e Pedro Ivo Velloso disseram que o congressista não está envolvido em nenhum esquema de corrupção e que “o dinheiro tem origem particular comprovada”.

Segundo a defesa, o senador colocou os R$ 33,1 mil nas roupas íntimas “em uma reação impensada” ao que os advogados classificaram como “terrorismo policial” dos agentes da Polícia Federal que o abordaram. “Em 30 anos de vida pública, o senador nunca sofreu uma condenação e agora está sendo linchado por ter guardado seu próprio dinheiro. Foi uma reação impensada, de fato, mas tomada diante de um ato de terrorismo policial, sem que haja qualquer evidência de desvio em sua conduta”, destacaram os advogados.

Os advogados ainda lamentaram o “linchamento” que o parlamentar tem sofrido. “A defesa do senador Chico Rodrigues manifesta sua perplexidade com o linchamento sofrido por ele, sem que haja qualquer prova contra sua conduta”, afirmaram.