Lava-Jato

Força-tarefa da Lava-Jato no Paraná lamenta declarações de Bolsonaro

Procuradores reagiram ao discurso do presidente de que ele acabou com a operação porque "não existe mais corrupção no governo". Em nota, afirmam que falas mostram desconhecimento sobre a realidade da operação e a necessidade de que os trabalhos continuem

Integrantes da força-tarefa da Lava-Jato do Paraná reagiram às declarações do presidente Jair Bolsonaro de que ele acabou com a operação, alegando que "não existe mais corrupção no governo". Em nota pública, os procuradores afirmaram que, no mesmo dia em que o chefe do Executivo fez a afirmação, havia uma fase da investigação em andamento.

No texto, os representantes do Ministério Público do Paraná destacam que a opinião de Bolsonaro reforça a ausência de empenho no combate à corrupção. "Os membros do Ministério Público Federal, integrantes da força-tarefa da Lava Jato no Paraná, lamentam a fala do Presidente da República sobre ter 'acabado' com a operação Lava Jato", diz um trecho do texto. "O discurso indica desconhecimento sobre a atualidade dos trabalhos e a necessidade de sua continuidade e, sobretudo, reforça a percepção sobre a ausência de efetivo comprometimento com o fortalecimento dos mecanismos de combate à corrupção."

Os procuradores ressaltam que os trabalhos da força-tarefa são essenciais e devem continuar. "A Lava Jato é uma ação conjunta de várias instituições do Estado no combate a uma corrupção endêmica e, conforme demonstram as últimas fases dos trabalhos, ainda se faz essencialmente necessária. Ainda ontem (7), na mesma data da declaração do Presidente, foi deflagrada a 76ª fase da operação, na qual houve a apreensão do equivalente a quase R$ 4 milhões em espécie em endereços de investigado pela prática de delitos contra a Petrobras", completa a nota.

De acordo com os procuradores, "o apoio da sociedade, fonte primária do poder político, bem como a adesão efetiva e coerente de todos os Poderes da República, é fundamental para que esse esforço continue e tenha êxito". "Os procuradores da República designados para atuar no caso reforçam o seu compromisso na busca da promoção de justiça e defesa da coisa pública, papel constitucional do Ministério Público, apesar de forças poderosas em sentido contrário", encerra o comunicado.