A candidata do PT à Prefeitura do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, teve o nome retirado da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. O presidente da entidade, Sérgio Camargo, alegou que a decisão foi tomada por Benedita responder a um processo por improbidade administrativa.
Em resposta, a deputada disse que o ato de Camargo é "abuso de poder", relatou estar sendo atacada de forma racista nas redes sociais e afirmou que entrará na Justiça contra os agressores. "Sou uma mulher forte e a luta nunca para", disse no Twitter. A deputada também disse que Sérgio Camargo é um "capitão do mato" que age a mando de Bolsonaro. Após a resposta, o presidente da Fundação Palmares ameaçou processar Benedita por injúria racial.
Benedita, de 78 anos, foi a primeira senadora negra do Brasil. É de sua autoria o projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais. Antes de ser retirado do ar, o perfil da petista na Fundação Palmares a identificava como "autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país".
Ela também foi vice-governadora do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, e tornou-se governadora em 2002, quando Anthony Garotinho deixou o cargo para disputar a Presidência da República.
Improbidade administrativa
Em 2015, Benedita teve os bens bloqueados pela 6ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que também determinou a quebra de sigilos bancário e fiscal da candidata. À época, ela foi acusada pelo Ministério Público de improbidade administrativa por dispensar licitação.
Benedita supostamente cometeu fraudes quando foi secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, entre 2007 a 2010, no primeiro mandato de Sérgio Cabral. Segundo a Justiça, os prejuízos causados aos cofres públicos foram da ordem de R$ 32 milhões.
Ela não foi condenada no caso. No entanto, em agosto deste ano, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio, Bruno Bodart, decidiu manter o bloqueio de bens da candidata.