O presidente voltou a criticar o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O chefe do Executivo chamou o tucano de “lunático” por ter anunciado vacinação obrigatória no estado paulista contra a covid-19. A declaração foi feita na noite de quarta-feira (28/10) a apoiadores, na entrada do Palácio da Alvorada. Bolsonaro disse ainda que São Paulo “só não quebrou” graças à ajuda do governo.
“É só dar uma olhadinha em como é que está a Argentina agora. É isso que querem para o Brasil? Eu não sou o salvador da pátria, tem muita gente melhor do que eu, mas você não faz um nome de dois, três anos, meu nome foi feito ao longo de 30 anos. Reviram a minha vida o tempo inteiro, contra a minha pessoa não acham nada. É o tempo todo levando pancada", desabafou o presidente.
Em seguida, Bolsonaro atacou o governador de São Paulo. "Agora imagina se tivesse o Doria presidente, esse da vacina obrigatória, que fechou tudo em São Paulo. Só não quebrou São Paulo devido ao socorro do governo federal, auxílio emergencial, pequenas e microempresas, rolagem de dívidas, compensação de perda de arrecadação de ICMS, socorro aos empresários de hotéis e restaurantes, graças a isso. Teria quebrado São Paulo”.
Bolsonaro voltou a mencionar aumento de impostos no estado paulista. “E na pandemia agora, ele (Doria) aumenta impostos do seu estado. Estão sabendo disso? Algum paulista aí? Aumentou ICMS de combustível, criou imposto para o cara que é deficiente comprar um carro, aumentou tudo, tudo que possa imaginar e ainda fala em obrigar a tomar a vacina. Que lunático, acho coisa de lunático isso daí. Lunático”, completou.
Doria, por sua vez, respondeu as acusações por meio das redes sociais e recomendou que Bolsonaro trabalhe ao invés de atacá-lo.
"Recomendo ao presidente Bolsonaro parar de me atacar e começar a trabalhar. O povo não quer briga, quer emprego. O Brasil não quer divisão, quer compaixão. O Brasil não quer um presidente que só pensa em reeleição", alfinetou.
Recomendo ao presidente Bolsonaro parar de me atacar e começar a trabalhar. O povo não quer briga, quer emprego. O Brasil não quer divisão, quer compaixão. O Brasil não quer um presidente que só pensa em reeleição.
— João Doria (@jdoriajr) October 29, 2020
Cloroquina
O presidente comentou sobre a covid-19. Alegou haver diferenças entre a cloroquina, defendida por ele para tratamento contra o novo coronavírus mesmo sem comprovação científica, e a vacina contra o novo coronavírus. “Tem alguns querendo comparar com a cloroquina. Eu não obriguei ninguém a tomar a cloroquina. O que acontece é uma coisa simples. Eu não inventei a cloroquina. Já tem 70 anos mais ou menos, era cloroquina e depois virou hidroxicloroquina. A gente liga para embaixadores nossos que estão na África subsaariana. E conversa com os caras e eles respondem: olha, o cara chega com malária e covid e a gente dá o remédio e cura. Dá para entender que ela serve para as duas coisas coisas? É uma coisa simples. E não tem alternativa. Uns idiotas ali: não tem comprovação científica. Eu sei que não tem, mas você está no sufoco. Você vai tomar o quê?”, questionou Bolsonaro.
O mandatário também voltou a citar exemplos de uma suposta prática medicinal em tempos de guerra. "Eu lembro das guerras do Pacífico, o soldado chegava ferido, precisando de uma transfusão de sangue e não tinha mais doador. Daí começaram a tocar água de coco na veia dele e deu certo. Já imaginou se fosse esperar uma comprovação científica da água de coco? Quantos teriam morrido?", disse Bolsonaro.
O presidente falou sobre a rotina no Palácio do Planalto durante a pandemia. "No meu prédio onde eu trabalho, tem uns 200 que pegaram o vírus lá. Pelo que chegou ao meu conhecimento, quase todo mundo tomou hidroxicloroquina, ninguém foi internado. Só teve uma senhora que faleceu que ela estava trabalhando em casa e pegou em casa e tinha uma série de comorbidades, mas lá dentro do meu prédio ninguém faleceu. Agora, não quer tomar hidroxicloroquina? Não toma, não tem problema nenhum", sustentou.
Mesmo sem estudos científicos, Bolsonaro insistiu que a medicação funciona. "Se eu estou falando que na Africa Subsaariana deu certo isso, várias pessoas tomaram e deu certo, por que vai ficar insistindo nessa condição de não tome? Vai se curar sozinho? Na nossa idade dificilmente escapa se não tomar alguma coisa. Agora uma coisa que eu falava lá atrás. Vai pegar. É uma chuva, a imprensa descendo o cacete em mim, o pessoal todo engravatado, de máscara, se cumprimentando com o cotovelo pegou, pô. Agora, tem que tomar um cuidado quem tem mais doença, quem tem idade, não sei o que", enumerou.
O presidente destacou que o isolamento social é errado e só serviu para quebrar a economia. O objetivo do isolamento social que está errado, que eu falei que estava errado desde aquele momento, serviu só para bagunçar com a economia era fazer com que não houvesse muitas contaminações ao mesmo tempo para não saturar o hospital", avaliou.
Auxílio emergencial
Sobre o auxílio emergencial que chega ao fim em dezembro, Bolsonaro ressaltou que o governo não tem condições de estender a ajuda. "Por mês estava custando pra gente R$ 50 bilhões de endividamento. Não podemos quebrar a economia. Nós evitamos, o meu governo evitou que perdesse (sic) milhões de empregos no Brasil. Agora a volta do emprego não é fácil, passamos o auxílio emergencial para R$ 300. Não é maldade. São 67 milhões de pessoas recebendo. A gente não tem como se endividar mais", concluiu.
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