Eleições 2020

Presidente não deve se envolver em eleição municipal, diz Doria

Governador de São Paulo critica a interferência de Bolsonaro na corrida para a prefeitura da capital paulista. Para ele, o chefe do Executivo federal corre o risco de ver os planos de reeleição comprometidos se Celso Russomanno perder a disputa para Bruno Covas

*Israel Medeiros
*Bruna Pauxis
postado em 21/10/2020 20:10 / atualizado em 21/10/2020 20:33
Bruno Covas, candidato à reeleição na prefeitura de São Paulo, e João Doria -  (crédito: Governo de São Paulo/Divulgação - 13/6/20)
Bruno Covas, candidato à reeleição na prefeitura de São Paulo, e João Doria - (crédito: Governo de São Paulo/Divulgação - 13/6/20)

"Não acho que o presidente da República deveria se envolver em eleição municipal". É o que defende o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). Em entrevista ao CB.Poder — uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília —, o tucano criticou o apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao candidato à prefeitura da cidade de São Paulo, Celso Russomanno (Republicanos).

"Mais uma vez, o presidente Jair Bolsonaro politizou algo que não deveria. Não acho que o presidente da República deveria se envolver em eleição municipal. Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, foi presidente duas vezes e nunca se envolveu em eleição municipal ou pediu votos", reagiu.

Doria criticou também o fato de Bolsonaro qualificar Russomanno como o "candidato contra o Doria", esquecendo-se de que o representante do PSDB no pleito pela prefeitura é Bruno Covas, atual prefeito e candidato à reeleição. Na última pesquisa RealTime Big Data/CNN, divulgada no último dia 19, Covas e Russomanno estão empatados tecnicamente, com 25% de intenções de voto para o tucano e 24% para o Republicano.

Doria disse acreditar em uma vitória de Bruno Covas. "O presidente nacionalizou uma campanha. Corre o risco de, se perder a eleição, levar também no colo a derrota em São Paulo. Eu acredito na vitória de Bruno Covas como prefeito reeleito em São Paulo", revelou.

O governador evitou fazer qualquer relação entre o pleito de 2020 e as eleições presidenciais de 2022. Ele se esquivou, mais uma vez, de perguntas sobre sua candidatura. Afirmou que, da parte do PSDB, a eleição para a prefeitura de São Paulo não tem nada a ver com 2022. E aproveitou para alfinetar Bolsonaro.

"Tem muito tempo até 2022. Temos ainda que governar, solucionar a crise do coronavírus com a vacina, salvar os brasileiros, retomar a economia e o emprego. Essa é a nossa prioridade. Não fui eu quem estabeleceu reeleição já no terceiro mês de governo. Bolsonaro, com 90 dias à frente da Presidência, se lançou candidato à reeleição. Não há parâmetros, nos últimos 30 anos do Brasil, de um presidente que tenha feito isso", lembrou.

*Estagiários sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza 

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