Senadores lamentaram a operação contra o colega de legislatura, Chico Rodrigues (DEM-RR), ex-vice-líder do governo. Alvo de operação da Polícia Federal, agentes encontraram cerca de R$ 30 mil na cueca do parlamentar. O investigado deixou o cargo de liderança na tarde desta quinta (15/10), o que ajudou a melhorar o clima entre aliados do presidente da República, Jair Bolsonaro, desde a divulgação da ação policial. O grupo Muda Senado, que inclui parlamentares de vários partidos e espectros políticos, entrará com um pedido de apuração dos fatos na Comissão de Ética da Casa na próxima segunda (19/10).
Reservadamente, um parlamentar comentou ao Correio a saída de Rodrigues da vice-liderança do governo. “A partir do momento que ele mesmo decidiu pedir o afastamento, temos que respeitar e torcer para que tenha as condições de esclarecer o que aconteceu. Não dá pra especular um assunto grave como esse”, argumentou. Ainda segundo a fonte, há um clima de apreensão entre senadores. Na próxima semana, a expectativa é que os desdobramentos permitam aos parlamentares manifestar sobre o caso.
Ex-aliado de Bolsonaro e integrante do Muda Senado, o senador Major Olímpio (PSL-SP) foi signatário da representação contra Chico Rodrigues no Conselho de Ética. Ele destacou que a ação visa dar oportunidade ao investigado de esclarecer os fatos no próprio Senado. “É para ajudar e ter um estímulo para que o senador acusado tenha o direito e foro próprio para se defender e apresentar suas argumentações”, justificou.
“A divulgação do episódio tem uma repercussão muito negativa para o Estado brasileiro como um todo. E estamos em uma sequências dessas repercussões. Como a decisão do ministro Marco Aurélio, que libertou um traficante perigoso e causou consternação. Ontem, tivemos a eclosão da operação da Polícia Federal com essas informações preliminares que apontam o grau de envolvimento do senador e uma situação que se não fosse trágica, seria cômica, de ter sido encontrado somas de valores nas nádegas do senador. Isso é muito ruim para o Brasil. Na mesma esteira de o presidente dizer que acabou com a Lava-Jato pois não há corrupção no governo”, criticou Major Olímpio.
Avestruz
O senador destacou, ainda, que em vez de “lamentar ou ironizar”, é preciso “usar mecanismos legais para fazer apuração e chegar à realidade dos fatos”. “Com o Conselho de Ética, fazemos o que é óbvio. Não dá para dar uma de avestruz, colocar a cabeça na terra, o rabo para fora, e fingir que não está acontecendo nada. Vamos ver os desdobramentos", disse.
Líder do PT no Senado, o senador Rogério Carvalho evitou entrar em detalhes. Destacou que o fato é “lamentável”. “É uma situação indesejada. Não tem muito o que comentar. Eu lamento que tenha acontecido. Estou em Sergipe e, semana que vem, vamos avaliar o ocorrido de acordo com os fatos reais. Temos notícias, que não representam o fato concreto. É preciso ser cuidadoso com a vida das pessoas. O clima geral é de consternação. É uma exposição que não é de uma pessoa, mas da política como um todo. E isso é ruim”, afirmou.
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