CORRUPÇÃO

MPF denuncia governador do MS e os irmãos Wesley e Joesley Batista

Trio formado por Reinaldo Azambuja (PSDB) e empresários é acusado de envolvimento em um esquema de pagamento de propina criado para garantir isenções fiscais para a empresa de carnes JBS

Renato Souza
postado em 14/10/2020 20:03 / atualizado em 14/10/2020 20:04
 (crédito: Chico Ribeiro/Governo do MS)
(crédito: Chico Ribeiro/Governo do MS)

O Ministério Público Federal (MPF) apresentou denúncia contra o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja (PSDB), e os empresários Joesley e Wesley Batista, da JBS, nesta quarta-feira (14/10). Além deles, também foram denunciados o ex-secretário de Fazenda do estado e atual conselheiro do Tribunal de Contas Márcio Campos Monteiro, e outras 20 pessoas. Todos são acusados de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

De acordo com as investigações, entre 2014 e 2016, um esquema de corrupção garantiu o pagamento de R$ 67 milhões em propina para o governador Azambuja e outros acusados. Em troca, eles garantiram isenções fiscais no valor de R$ 209 milhões ao grupo JBS.

De acordo com o MPF, a peça, enviada à Justiça pela subprocuradora Lindora Araújo, mostra que a  "denúncia reúne provas obtidas na Operação Vostok, bem como provas compartilhadas a partir da Operação Lama Asfáltica, acordos de colaboração premiada e da quebra dos sigilos telefônico e bancário dos envolvidos".

As tratativas teriam começado na campanha eleitoral, e Azebuja se comprometeu, de acordo com as investigações, a manter o esquema criminoso caso fosse eleito. O esquema teria se perpetuado na gestão de outros governadores de Mato Grosso do Sul.

Quebra de sigilo telefônico

Durante as diligências, houve a quebra de sigilo telefônico e depoimentos válidos em acordos de delação premiada que deram detalhes do caso. O MPF afirma que "o pagamento das vantagens indevidas era dissimulado por meio de doações eleitorais oficiais, que em seguida eram descontadas de uma “conta propina”, mantida pela JBS; por meio de notas fiscais frias emitidas por empresas e pecuaristas indicados pelo próprio Azambuja, sem a devida contrapartida em produtos ou serviços e com os valores revertidos direta ou indiretamente em benefício do governador; e por meio da entrega de dinheiro em espécie a emissários de Azambuja". O principal operador do esquema seria o próprio filho do governador, Rodrigo Souza e Silva, também denunciado.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação