A candidata do PT à Prefeitura do Rio de Janeiro, Benedita da Silva, teve o nome retirado da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares. O presidente da entidade, Sérgio Camargo, alegou que a decisão foi tomada por Benedita responder a um processo por improbidade administrativa.
O nome da deputada Benedita da Silva (PT) foi excluído da lista de Personalidades Negras da Fundação Palmares.
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) September 30, 2020
Benedita responde pelo crime de improbidade administrativa e seus bens foram bloqueados pela Justiça.
O preto, o pobre e o favelado são as maiores vítimas da corrupção.
Em resposta, a deputada disse que o ato de Camargo é "abuso de poder", relatou estar sendo atacada de forma racista nas redes sociais e afirmou que entrará na Justiça contra os agressores. "Sou uma mulher forte e a luta nunca para", disse no Twitter. A deputada também disse que Sérgio Camargo é um "capitão do mato" que age a mando de Bolsonaro. Após a resposta, o presidente da Fundação Palmares ameaçou processar Benedita por injúria racial.
Ataques coordenados estão acontecendo desde domingo, com acusações infundadas e conteúdo racista. Mas eles não vão me calar e eu não vou recuar. Sou uma mulher forte e a luta nunca para. ????? pic.twitter.com/swQbuFX6LZ
— Benedita da Silva (@dasilvabenedita) October 1, 2020
Benedita da Silva me chama de "Capitão do Mato", expressão que, no entendimento da Justiça, configura injúria racial.
— Sérgio Camargo (@sergiodireita1) October 1, 2020
Há precedente. Ciro Gomes foi condenado por usar o mesmo insulto racista contra Fernando Holiday.
Levarei as declarações da deputada à análise do meu advogado. pic.twitter.com/wCyYKE6k3S
Benedita, de 78 anos, foi a primeira senadora negra do Brasil. É de sua autoria o projeto que inscreveu Zumbi dos Palmares no panteão dos heróis nacionais. Antes de ser retirado do ar, o perfil da petista na Fundação Palmares a identificava como "autora de 84 projetos de leis de grande importância para a população. Sua atuação ajudou a escrever a história recente do país".
Ela também foi vice-governadora do Rio de Janeiro entre 1999 e 2002, e tornou-se governadora em 2002, quando Anthony Garotinho deixou o cargo para disputar a Presidência da República.
Improbidade administrativa
Em 2015, Benedita teve os bens bloqueados pela 6ª Vara de Fazenda Pública do Rio, que também determinou a quebra de sigilos bancário e fiscal da candidata. À época, ela foi acusada pelo Ministério Público de improbidade administrativa por dispensar licitação.
Benedita supostamente cometeu fraudes quando foi secretária estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, entre 2007 a 2010, no primeiro mandato de Sérgio Cabral. Segundo a Justiça, os prejuízos causados aos cofres públicos foram da ordem de R$ 32 milhões.
Ela não foi condenada no caso. No entanto, em agosto deste ano, o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública do Rio, Bruno Bodart, decidiu manter o bloqueio de bens da candidata.
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