A aprovação do governo de Jair Bolsonaro chegou a 40%, segundo pesquisa do Instituto Ibope divulgada nesta quinta-feira (24/9). É o maior patamar alcançado desde o início do mandato. O levantamento ainda revelou que 29% dos brasileiros consideram o governo regular e 29% ruim ou péssimo. A margem de erro é de 2%.
A pesquisa foi encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e feita entre 17 e 20 de setembro, com 2 mil pessoas em 127 municípios. Na última pesquisa, divulgada em dezembro, Bolsonaro tinha 29% de ótimo/ bom. 31% consideravam o governo regular, 38% ruim/ péssimo e 3% não responderam.
Confiança
O levantamento também mostrou que aprovação na maneira de governar do presidente também cresceu, passou de 41% para 50%. E a confiança no presidente subiu de 41% para 46%.
A popularidade do presidente cresceu mais entre os entrevistados que estudaram até a oitava série da educação fundamental, entre os que têm renda familiar de até um salário mínimo, os residentes nas periferias das capitais e os que vivem nas regiões Sul e Nordeste.
O governo ganhou aprovação nas áreas de segurança pública, saúde e no combate à forme e a pobreza. Essa última área era a sexta em aprovação e passou para o segundo lugar.
O combate ao desemprego, porém, caiu de de 41% para 37% de aprovação. Outra área que teve queda foi o meio-ambiente, que passou de 48% de aprovação para 37%.
As áreas onde o governo mais possui aprovação são segurança pública, com 51%; combate à fome e à pobreza, 48%; e educação, 44%. Contudo, o índice de desaprovação se mantém alto em relação ao meio ambiente (57%), taxa de juros (64%) e impostos (67%). Para a realização da pesquisa foi entrevistado uma amostra de 2 mil pessoas em 127 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Programa de renda
Para Paulo Calmon, professor do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB), o motivo desse aumento de popularidade são os programas de renda estabelecidos pelo governo. “Obviamente, essa transferência de renda em um momento de crise econômica e de desemprego generalizado gera uma reação positiva do eleitorado”, afirmou.
David Fleischer, também professor de Ciência Política da UnB, listou alguns outros motivos que colaboraram para crescimento da popularidade do presidente, para além do auxílio emergencial: “A coalizão de apoio no Congresso Nacional e a intensificação, nos últimos meses, de viagens a diversas regiões, como Nordeste e Centro-Oeste, também são fatores importantes. Essas visitas in loco nesses estados são vistas positivamente pela população. O presidente também está inaugurando obras, mesmo que algumas delas tenham sido iniciadas em outros governos, mas essa exposição presencial é um grande fator que o ajudou a ganhar a sua popularidade”, explicou.
Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marcus Ianoni concorda que o auxílio emergencial é a grande razão para o crescimento da popularidade de Jair Bolsonaro. “Esse benefício alcançou um grande contingente populacional no país todo, tem sido bem-visto e identificado como uma ação governamental positiva. A maioria desconhece que, na verdade, a proposta do Executivo era de dar um auxílio emergencial de R$ 200, que o Congresso ampliou para R$ 600. Além disso, mães solteiras e chefes de família receberam o dobro desse valor. Por outro lado, temos que aguardar qual vai ser o impacto quando os beneficiários receberem, de agora até dezembro, apenas metade desse valor, que cairá para R$ 300”, ressaltou o especialista.
Os especialistas foram unânimes em atestar que o período pós-auxílio emergencial pode causar uma queda na popularidade do presidente. “É natural aos governantes, independente dos partidos e da ideologia, buscarem medidas que garantam a sua sobrevivência política, ou seja, a sua popularidade, sua capacidade de aprovar as medidas que propõem e a capacidade de se manterem no cargo. Essa busca faz com que eles fiquem antenados, avaliando formas de manter e elevar sua popularidade. Bolsonaro, claramente, percebeu uma oportunidade nesses programas de distribuição de renda”, opinou Calmon.
No entanto, para Ianoni, esse aumento de popularidade tem um aspecto negativo: “O presidente se sentirá mais confiante e poderá prosseguir em sua trajetória de mentir em relação aos fatos, como fez (em discurso) na ONU, dizendo que o país enfrentou muito bem a pandemia, preservou a Amazônia e o Pantanal, que quem bota fogo na mata são os índios e caboclos e que tem aumentado os investimentos externos no Brasil. Enfim, a importância desse resultado é que, potencialmente, ele alavanca o bolsonarismo, que esteve um pouco na berlinda no último período. No entanto, há que se observar certo desgaste de Bolsonaro em setores de classe média com renda mais elevada”, ressaltou o professor da UFF.
*Estagiário sob a supervisão de Andreia Castro
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