O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta quinta-feira (24/9), no Senado Federal, que a visita do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, a Roraima, na semana passada, não foi uma plataforma eleitoral para as eleições de novembro nos EUA. O presidente Donald Trump, muito elogiado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro, está buscando a reeleição.
“Não é assim. Um dos elementos que mostra que não é assim é que existe, nos Estados Unidos, uma grande convergência entre republicanos e democratas sobre a situação na Venezuela", disse o ministro. De acordo com ele, em uma audiência no Senado norte-americano, em agosto deste ano, ficou evidenciado um amplo consenso sobre a situação da Venezuela. Para Araújo, caso Trump perca as eleições, a relação dos EUA com o governo venezuelano continuará a mesma.
“Não faz sentido pensar nisso como uma plataforma eleitoral. Não há diferença substantiva entre posição de republicanos e democratas em relação à Venezuela”, afirmou. E completou: “Não houve mudança de posicionamento americano e nem brasileiro na visita. Essa ideia de plataforma eleitoral cria uma estranha dependência do calendário político de outros países. Se não pudermos defender direitos humanos em época de campanha de outros países, em que situação nós estamos, né?”, pontuou.
Araújo foi convidado pela Comissão de Relações Exteriores (CRE) para explicar a visita de Pompeo ao estado que faz fronteira com a Venezuela, quando o secretário atacou o presidente Nicolás Maduro e o chamou de traficante de drogas. A visita foi criticada pelo Congresso Nacional e outras autoridades, por ter sido vista como uma afronta à autonomia do Brasil. O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a visita “não condiz com a boa prática diplomática internacional e afronta as tradições de autonomia e altivez de nossas políticas externa e de defesa”.
Segundo o ministro, Pompeo manifestou interesse de visitar o Brasil em um “giro” que fez na América Latina, falando especificamente sobre Roraima para ver a Operação Acolhida, que tem o apoio dos EUA e recebe refugiados venezuelanos.
O ministro Ernesto Araújo garantiu que uma eventual derrota de Trump não gerará mudanças da relação do Brasil com os EUA, ao ser questionado pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP) se o país está preparado para uma mudança no governo americano. A parlamentar afirmou que a proximidade do Brasil é com Trump, e não com os EUA.