Rio de Janeiro

Por 69 votos a 0, deputados aprovam continuidade do impeachment de Witzel

Em votação unânime, deputados estaduais autorizam a continuidade do processo que pode destituir do cargo o governador do Rio de Janeiro. Ele já está afastado por 180 dias em razão de denúncias de corrupção na área da Saúde

A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou, nesta quarta-feira (23/9), por unanimidade, a continuidade do processo de impeachment do governador Wilson Witzel (PSC). Foram 69 favoráveis. O único deputado ausente na sessão foi João Peixoto (DC), que está internado com covid-19. Com a votação de hoje à noite, a previsão é de que na próxima semana já seja formado um tribunal misto, com cinco deputados e cinco desembargadores. O colegiado irá analisar o caso do governador e julgá-lo.

Após a votação, alguns parlamentares comemoraram. Antes da contagem de votos, o clima já era de unanimidade, com exposições de parlamentares tecendo críticas ao governador, que já está afastado por decisão do Superior Tribunal de Justiça.

Dos 70 deputados estaduais que compõem a Assembleia do Rio de Janeiro, eram necessários 47 votos, ou dois terços da Casa, para continuar o processo de impeachment. Os parlamentares interessados em fazer parte do tribunal misto devem colocar o nome à disposição para ser votado. Antes da votação desta quarta-feira, já havia intensa movimentação de deputados com intenção de se juntar ao colegiado.

Wilson Witzel é suspeito de corrupção na área da Saúde. No relatório aprovado pelo legislativo fluminense na semana passada, o deputado Rodrigo Bacellar (Solidariedade) disse não ver dúvidas “de que os fortes indícios e as contundentes provas de ilicitudes nas contratações e bilionários prejuízos não só constituem sólido embasamento a demonstrar a justa causa para apuração do crime de responsabilidade, como pintam com tintas fortes a subversão de valores em que mergulhou a administração estadual”.

Dentre os pontos levantados, um dos principais citados foi a requalificação da organização social (OS) Unir Saúde, feita por Witzel em março deste ano. A OS havia sido desqualificada no ano passado, não podendo mais firmar contratos com o estado. No entanto, segundo investigação do Ministério Público Federal (MPF), após recurso da OS, Witzel permitiu a requalificação, contrariando os pareceres técnicos.