Elas são diretoras, servidoras públicas, professoras, médicas, militares e o que mais quiserem. A luta para ocupar cargos de liderança faz com que as mulheres sigam conquistando posições importantes. Mas, na política, o Brasil vai mal quando o assunto é paridade de gênero.
Dados divulgados nesta quinta-feira (24/9) pela Onu Mulheres e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) mostram o país em 9º lugar entre 11 nações da América Latina avaliadas pelo Atenea, mecanismo que promove a aceleração da participação feminina em cargos de poder.
O estudo avalia 40 indicadores, divididos em oito eixos: compromissos nacionais com a igualdade na constituição e marco legal; exercício do direito ao sufrágio; cotas e paridade política; Poder Executivo e administração pública; Poder Legislativo; Poder Judicial e instâncias eleitorais; partidos políticos; e governos locais.
Cada quesito recebe uma nota de 0 a 100. No caso do Brasil, as piores avaliações foram para os aspectos de cotas, Poder Judicial, e compromissos com a igualdade na Constituição. A legislação é considerada frágil, e a baixa presença de mulheres nas cortes enfraquece a agenda de paridade de gênero.
Diante dos resultados, a recomendação da Onu Mulheres e Pnud é de impulsionar ações que promovam o acesso de negras e indígenas ao poder político, bem como intensificar o controle público sobre partidos políticos, com ação de punição diante do descumprimento da legislação de cotas.
Maristela Baironi, coordenadora chefe do programa do Pnud no Brasil acredita que o estudo possa reverberar nas eleições municipais e pleitos futuros. “A gente quer continuar usando esse achado para trabalhar em prol de uma democracia mais paritária e participação feminina mais ativa”, afirma. “Não é só importante ser escutada, mas ocupar essas posições para ser donas do nosso destino.”
Promoção de campanhas
Letícia Medeiros, co-fundadora da organização não governamental #ElasNoPoder, destaca que há uma série de fatores que explicam a falta de mulheres na política. A OnG, criada em 2018, promove e incentiva campanhas de candidatas.
Uma pesquisa de perfil feita pela instituição concluiu que muitas não se identificam com o perfil. “Se hoje a gente identifica que há um perfil, isso é mais um problema do que diagnóstico. O ideal é que as instâncias de representação sejam diversificadas. A gente quer trazer essa reflexão e mudança na mentalidade das mulheres.”
Ranking do Índice de Paridade Política
1 - México: 66,2
2 - Bolívia: 64
3 - Peru: 60,1
4 - Colômbia: 54
5 - Argentina: 44,7
6 - Honduras: 42,7
7 - Guatemala: 42,6
8 - Uruguai: 41,7
9 - Brasil: 39,5
10 - Chile: 38,2
11 - Panamá: 37
Avaliação do Brasil pelo Atenea
- Compromissos nacionais com a igualdade na constituição e marco legal: 20/100
- Exercício do direito ao sufrágio: 80,3/100
- Cotas e paridade política: 13,3/100
- Poder Executivo e Administração Pública: 51,7/100
- Poder Legislativo: 59,1/100
- Poder Judicial e Instâncias Eleitorais: 21,7/100
- Partidos políticos: 45,1/100
- Governos locais: 25/100