cartão vermelho

Situação de Waldery segue em suspense

Dois dias depois de o presidente Jair Bolsonaro anunciar “cartão vermelho” à equipe econômica, o suspense permanece no ministério comandado por Paulo Guedes. Há uma expectativa sobre a saída do secretário especial de Fazenda, Waldery Rodrigues, pivô da forte reação do presidente Jair Bolsonaro à proposta de congelar aposentadorias e pensões para financiar o Renda Brasil. Bolsonaro não somente desautorizou qualquer iniciativia nesse sentido como proibiu o governo de falar sobre o programa até 2022.

Após a bronca do Planalto, o ministério de Paulo Guedes adotou o silêncio e fechou as portas. O ministro comandou ontem, pela segunda vez nesta semana, reunião com os secretários do Ministério da Economia. O encontrou durou quase quatro horas e terminou às 22h20 de ontem. A primeira durou mais do que isso e uma terceira está agendada para hoje, às 12h. Waldery Rodrigues está na lista dos convocados desta sexta. Há dúvidas em relação à permanência do secretário no governo, uma vez que a crise começou com as declarações de Waldery sobre como obter recursos para o programa assistencial que acabou excluído da agenda do governo.

À tarde, o ministro Paulo Guedes cancelou sua participação em um evento, alegando um compromisso inadiável. Guedes foi ao Palácio do Planalto acompanhado de Waldery. Enquanto isso, o segundo encontro do chefe da pasta com todos os seus secretários foi colocado às pressas na agenda do ministro. A reunião da véspera havia sido convocada para alinhar o discurso da equipe econômica, justamente porque o presidente Bolsonaro criticou com veemência a proposta divulgada pelo secretário especial de Fazenda sobre congelar aposentadorias para conseguir recursos para o Renda Brasil.

Uma fonte ligada à pasta disse ao Correio que o secretário não tem o perfil de pedir demissão. E que o governo estudava uma saída honrosa para ele, com sua nomeação para algum organismo internacional. “Acho difícil ele pedir demissão. Eu tinha imaginado uma saída para organismo internacional, mas outro secretário disse que vai e não são tantas vagas assim. Talvez sobre uma estatal para Waldery”, especulou um dos integrantes do ministério da Economia.

Nova CPMF
No evento do qual Paulo Guedes se ausentou, o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson de Andrade, disse ser contra a criação de um imposto sobre transação digital, como defende o Ministério da Economia. “Não concordamos com imposto digital, nossa posição é que isso seria CPMF revestida, com outro nome. Somos a favor da tributação sobre algumas atividades hoje exercidas em meio digital e que hoje não contribuem, como sites e sistemas que estão fora do Brasil”, afirmou.

Andrade defendeu a urgência da reforma tributária e a simplificação de impostos. “Apoiamos reforma ampla, geral, que contemple todos os tributos, inclusive estaduais e municipais”, completou.