Depois de dar posse ao general Eduardo Pazuello como ministro da Saúde nesta quarta-feira (16/9), o presidente Jair Bolsonaro criticou, mais uma vez, as medidas de isolamento social adotadas por governadores e prefeitos como forma de prevenção à pandemia do novo coronavírus. Bolsonaro reclamou do fato de que muitas escolas no Brasil seguem com as portas fechadas.
"Não tínhamos por que fechar as escolas, mas as decisões não estavam mais nas nossas mãos, e sim nas de governadores e prefeitos, por decisão judicial. Somos um país com maior número de dias em lockdown nas escolas. Isso é um absurdo", protestou Bolsonaro.
O presidente condenou, ainda, o fechamento do comércio e as recomendações sanitárias de que os brasileiros ficassem em casa para se proteger do vírus. Segundo Bolsonaro, essas medidas restritivas provocaram uma série de consequências negativas. “Sempre falei que essa política de isolamento, do fique em casa, levaria ao aumento da violência doméstica, ao abuso de crianças, à violência contra a mulher, também ao suicídio. Os números já estão aparecendo”, alertou.
“Não precisaria ter fechado o comércio como aconteceu. Essa questão (de ficar em casa) poderia ser tratada um pouco diferente, com muito mais racionalidade”, opinou o presidente. Na avaliação do chefe do Executivo, os governadores e prefeitos que estabeleceram as medidas de lockdown foram influenciados pela imprensa, ao qual Bolsonaro se referiu como “mídia catastrófica”.
Hidroxicloroquina
Além de renovar as críticas a governadores e prefeitos, o mandatário voltou a defender a utilização da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes diagnosticados com covid-19. “Nós tínhamos que fazer alguma coisa sobre as mortes vitimadas pelo vírus. A primeira coisa foi a hidroxicloroquina. Hoje, estudos mostram que por volta de 30% das mortes poderiam ser evitadas caso, de forma precoce, fosse ministrada hidroxicloroquina. A decisão não foi da minha cabeça, como uma aposta de um jogador”, disse Bolsonaro, sem mencionar as pesquisas que serviram de referência para sua declaração.
O presidente lembrou que, durante a gestão do ministro Luiz Henrique Mandetta, o governo não conseguiu criar um protocolo que autorizasse a utilização da hidroxicloroquina a partir do momento em que o paciente começasse a apresentar os primeiros sintomas da covid-19.
Segundo Bolsonaro, o médico deve ter a liberdade de receitar qualquer tipo de medicação para os seus pacientes e comentou que “na ausência de um remédio com comprovação científica, a responsabilidade é do médico, assim como é do militar, se vai atacar ou recuar na frente, de combate”.
“Nada mais justo, sagrado e legal do que um médico, na ponta da linha, decidir o que vai aplicar no seu paciente na ausência de um remédio com comprovação científica. Quantas e quantas doenças estariam existindo se não fosse a ousadia dos médicos de se expor e buscar uma solução para o seu irmão que está com dias contados se nada for feito?”, opinou.
Elogios
Apenas no fim do discurso, Bolsonaro se dirigiu a Pazuello. “Todos nós sabíamos da sua enorme capacidade de gerir aquilo que estivesse sob sua orientação. Você ganhou a simpatia de prefeitos e governadores. A ninguém que pediu socorro para você, você deixou de atender. Tudo o que você podia fazer, você fez pelo nosso ministério”, disse o presidente.
Bolsonaro ainda desejou boa sorte ao agora ministro efetivo. “Peço que Deus continue te iluminando, porque as consequências desse trabalho é salvar vidas, é minorar sofrimentos e dar esperança para o nosso povo.”