Preços

Bolsonaro diz que Mendonça o consultou sobre notificação a supermercados

Nesta quinta-feira (10/9), a decisão do Ministério da Justiça de notificar mercados e produtores sobre a escalada de preços do arroz abriu uma crise da pasta com o Ministério da Economia

O presidente Jair Bolsonaro comentou sobre a alta dos preços de itens essenciais da cesta básica, entre eles, o arroz. Ao lado da youtuber mirim Esther Castilho na live desta quinta-feira (10/09), o presidente voltou a ressaltar que não vai interferir no mercado para tabelamento dos preços.

"Tem mais ou menos 10 anos que os rizicultores têm prejuízo no arroz. Eu posso pegar, dar canetada assim e tabelar? 'Está tabelado o preço do arroz: R$ 0,10 o quilo, pode não pode?' Porque mexe no mercado e fica pior. Eu não vou interferir no mercado o que tem que valer é a lei da oferta e da procura, não é isso?”, apontou.

Bolsonaro explicou ainda que o ministro da Justiça, André Mendonça, o consultou sobre as notificações aos supermercados feita pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). A decisão do Ministério da Justiça de notificar mercados e produtores sobre a escalada de preços do arroz caiu como uma bomba no Ministério da Economia. Assessores do ministro Paulo Guedes reclamam que a medida vai contra a lei natural de mercado e levanta temores sobre a volta do tabelamento de preços. Por isso, enviaram um ofício para a Justiça nesta quinta-feira (10/09) para avisar que "o caminho não é por aí"

“O André Mendonça conversou comigo, conversei com ele, como já tinha conversado com o Paulo Guedes, com a ministra Tereza da Agricultura. (Queria saber) porque o arroz subiu de preço e o que podemos fazer dentro das normas do mercado para buscar a solução para isso. Ninguém quer tabelar nada, ninguém quer interferir em nada. Isso não existe. A gente sabe que uma vez interferindo, tabelando isso desaparece da prateleira a depois a mercadoria aparece lá no câmbio negro muito mais caro. Já tem uma experiência dessa no Brasil. Na Venezuela é tudo tabelado, mas não tem nada”, apontou.

Bolsonaro explicou que, entre as medidas tomadas pelo governo, está a compra de 400 mil toneladas de arroz com importação zerada.

"Falei com André Mendonça, ele falou comigo: 'Posso botar a Secretaria Nacional da Defesa do Consumidor para investigar, perguntar para supermercados por que o preço subiu?' Falei: 'Pode'. E ponto final. Porque ao chegar a resposta pode ser que o errado somos nós. Pode ser o governo e tomamos uma providência. Então uma das providências tomadas em comum acordo com Paulo Guedes e a Tereza Cristina: o Brasil vai importar 400 mil toneladas sem o imposto de importação. Agora por que que o arroz subiu de preço?”.

O presidente citou também algumas das causas pelo aumento do produto. "Com o auxílio emergencial o pessoal começou a consumir um pouco mais, mas um pouquinho perto de milhões de pessoas, realmente ajudou a desaparecer um pouco essa mercadoria das prateleiras. O dólar está alto, facilita as exportações também. Conversei, tenho conversado sempre com os ministros, com o presidente do BC o que a gente pode fazer para o dólar não subir tanto o que o governo pode fazer legalmente obedecendo as regras do mercado. Tudo isso nós fazemos”, destacou.

Por fim, Bolsonaro contou que tem se reunido com representantes de supermercados. “Estive com mais representantes numa conversa muito saudável falaram que eles não são os vilões e que a margem de lucro deles será resumida o máximo possível para colaborar. O Brasil tem que dar certo”, concluiu.

"Arroz por macarrão"

Na última semana, Bolsonaro tem pedido “sacrifício e patriotismo” ao setor. Ainda ontem (9/9), o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), João Sanzovo Neto, se encontrou com Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele negou que o setor seja o “vilão” na alta de produtos essenciais da cesta básica e disse que o problema está na lavoura.

“Nós não vamos ser vilões de uma coisa que nós não somos responsáveis. Muito pelo contrário. […] Essas situações, que têm sido muito raras, ocorrem porque o commoditie é sazonal. É agricultura: chove demais, faz sol demais. É assim que funciona. O problema está na lavoura, no custo da produção, da safra baixa. O problema está no câmbio dos produtos que estão sendo exportados”, apontou.

Ele disse que não há prazo para a baixa dos preços e sugeriu à população o consumo de massas no lugar do arroz. “Eu não sei responder. Pode ser que seja mais rápido. Tem um lado psicológico que pode ser que afete aí, o fato de consumir mais macarrão já faça uma regulagem do preço. O que precisa, sim, é entrar mais produto. Ter mais oferta do arroz no mercado para resolver esse problema”, pontuou.

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