O ex-prefeito Eduardo Paes (DEM) recebeu aproximadamente R$ 10,8 milhões em propinas de executivos da empreiteira Odebrecht entre junho e setembro de 2012, segundo o Ministério Público Eleitoral do Rio. De acordo com a Promotoria, os valores tinham como intuito custear a campanha de reeleição do político em 2012 e chegaram até ele por meio de dois operadores, que receberam 18 entregas de dinheiro efetuadas por uma transportadora de valores, registradas com recibos e guias.
Denunciado por corrupção, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, o político foi alvo de um mandado de buscas, ontem, após o juiz Flavio Itabaiana de Oliveira Nicolau, da 204ª Zona Eleitoral aceitar a denúncia. Oponente nas próximas eleições do prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), que tem o apoio da família do presidente Jair Bolsonaro, Paes virou réu. Isso não impede, contudo, que ele continue disputando as próximas eleições.
Agentes do MP foram até sua casa, em São Conrado, na manhã de ontem. As equipes saíram carregando pastas com documentos que foram apreendidos no imóvel. Além do ex-prefeito, também foram denunciados Benedicto Barbosa da Silva Junior, ex-executivo da Odebrecht; Renato Barbosa Rodrigues Pereira, marqueteiro que atua para Paes; e Eduardo Bandeira Villela, sócio de Renato em uma agência de publicidade.
O ex-prefeito afirma que as ações contra ele ocorrem por interesses políticos. “Às vésperas das eleições, Eduardo Paes está indignado que tenha sido alvo de uma ação de busca e apreensão numa tentativa clara de interferência do processo eleitoral — da mesma forma que ocorreu em 2018 nas eleições para o governo do estado”, afirmou a defesa do réu. A Odebrecht informou que colabora com a Justiça desde 2016.
Crivella foi alvo de votação de impeachment, acusado de utilizar funcionários da Prefeitura para intimidar jornalistas em frente a hospitais públicos. No entanto, o afastamento, que o deixaria inelegível por oito anos, foi rejeitado pela Câmara de Vereadores.