A Operação Lava-Jato voltou aos holofotes nas últimas semanas, não pelas prisões que a tornaram célebre, mas por uma série de rumores de que é chegado o seu fim. Em um dos desgastes mais recentes, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, trocaram críticas por meio de declarações públicas. Em entrevista exclusiva ao Correio, o ex-ministro Sergio Moro cravou que a deterioração da Lava-Jato é um indício de que o “sistema está reagindo”.
Segundo Moro, a intenção é “dificultar a investigação e a punição dos crimes de corrupção para tentar que tudo volte a ser como antes, tendo a impunidade como regra”. O ex-juiz acredita que o processo é semelhante ao que ocorreu no final da Operação Mãos Limpas, na Itália, e chegou a comparar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) ao bilionário político e ex-ministro italiano Silvio Berlusconi.
Apesar disso, Moro declarou crer que o desfecho no Brasil pode ser diferente daquele alcançado no país europeu: “Acredito que a Lava-Jato mostrou aos brasileiros que as coisas podem ser diferentes, a depender da pressão social”. O ex-ministro enfatizou, inclusive, que tem esperança em alguns campos da sociedade: “setor privado brasileiro, aliás, já mudou bastante”.
Em outro ponto da conversa, o ex-ministro desclassificou os boatos sobre uma possível candidatura à Presidência nas próximas eleições. “Estou focado em 2020, principalmente no meu reposicionamento profissional”, declarou. Segundo Moro, os boatos de que ele aspira ocupar o mais alto cargo do Executivo no país são apenas “mera especulação”. Um dos focos do momento, é a atuação como professor: “aprendizado de mão dupla”.