CÂMARA

Executivo não deve se meter em disputa na Câmara, diz líder do governo

Para Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara, candidatos à presidência da casa são favoráveis à agenda reformista. Ele também falou sobre as polêmicas envolvendo o Renda Cidadã, que pretende substituir o Bolsa Família

Israel Medeiros*
postado em 29/09/2020 16:05
 (crédito: Ana Rayssa/Correio Braziliense)
(crédito: Ana Rayssa/Correio Braziliense)

A próxima eleição para a presidência da Câmara dos Deputados está marcada para fevereiro de 2021. Mas as movimentações nos bastidores do Congresso já começaram. Neste contexto, há quem acredite que o governo não deveria interferir no pleito. É o que defende o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Em entrevista ao CB.Poder – uma realização do Correio Braziliense e da TV Brasília –, nesta terça-feira (29), ele justificou que trata-se de uma disputa fora do poder Executivo.

Além disso, segundo ele, os nomes cogitados até agora são a favor da agenda de reformas do governo. Barros também disse desconhecer um acordo com o atual presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) para definir um substituto. O acordo foi revelado pelo senador Ciro Nogueira (PP- PI) e, segundo o político, garante que o sucessor de Maia será um parlamentar do PP.

"Não presenciei. Uns dizem que existe e outros dizem que não, não posso me meter nisso. E acho até que o governo não deve se meter nisso, na disputa à presidência da Câmara. É um outro poder, independente e harmônico segundo a Constituição. E nenhum dos candidatos até agora ameaça a agenda de reformas que o governo apoia e que o Brasil quer", declarou. Já Rodrigo Maia negou a existência do acordo ao ser entrevistado no programa Roda Viva, da TV Cultura, em agosto.

Ricardo Barros falou também sobre o Renda Cidadã, novo programa social apresentado pelo governo que tem como objetivo substituir o atual Bolsa Família. Ele ressaltou que trata-se de uma proposta que quer juntar vários programas sociais em um só requer uma contrapartida por parte dos beneficiários. Ele respondeu às críticas de que o governo substituirá o Bolsa Família por questões políticas relembrando que o governo Lula fez o mesmo. "Não são as pessoas certas para criticar isso", disparou.

Ele explicou que o novo benefício tem como objetivo permitir uma ascensão social dos beneficiários. "O que estamos propondo é um programa de rampa de ascensão social. O Renda Brasil vai cobrar como contrapartida das famílias que recebem o auxílio a atenção à primeira infância, frequência escolar, frequência ao posto de saúde, a carteira vacinal e a qualificação profissional para que essas famílias deixem de necessitar do apoio do governo", disse.

Questionado sobre as exigências já existentes no Bolsa Família, Barros justificou que apenas algumas delas estão no atual programa. Segundo ele, o Renda Cidadã será mais exigente nesse sentido. Barros também falou sobre as polêmicas envolvendo o financiamento do novo benefício. O governo tenta utilizar recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) para bancar o programa – como tentou fazer com o Renda Brasil.

O deputado justifica que não há outra fonte de financiamento para o programa, pois o orçamento de 2021 já foi entregue ao Congresso. "Precisamos abrir espaço dentro do que já está apresentado", afirmou.

Ricardo Barros revelou ainda que tem trabalhado para instalar as comissões das reformas tributária e administrativa. Pelo Brasil, sindicatos já se mobilizam para tentar barrar a reforma administrativa, que deve acabar com a estabilidade de futuros servidores públicos em várias áreas. Para o líder do governo na Câmara, reação é descabida.

"O servidor será demitido se não trabalhar corretamente, não atender o cidadão corretamente, e sua avaliação for negativa. A resistência que eles (sindicatos) podem vir a ter é totalmente descabida. Não são eles que vão desenhar o futuro do Brasil. Se queremos redesenhar o sistema é porque ele não está bom", completou.

*Estagiário sob a supervisão de Renato Souza

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