As campanhas eleitorais para o pleito municipal de 2020 começaram no último domingo (27). Os relatos de aglomerações e comícios inundaram as redes sociais. Tem de tudo: de candidatos sem máscara a coordenadores de campanha que pedem para apoiadores darem as mãos em homenagem às vítimas de covid-19. Os atos inconsequentes preocupam, já que as eleições deste ano bateram recorde de pedidos de registros de candidatura.
Para os cargos de prefeito, vice-prefeito e vereador, o número de candidatos é de 542.352 em todo o país, 9,14% maior que 2016, quando os pedidos de registro somaram 496.927. As informações são do Tribunal Superior Eleitoral. Em um cenário com tantos candidatos, o TSE, órgão responsável pela realização e fiscalização das eleições, tem se preocupado com a segurança sanitária do pleito.
Nesta segunda-feira, o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do tribunal, mediou uma live com os médicos David Uip, Marília Santini e Luis Fernando Aranha Camargo, que elaboraram o Plano de Segurança Sanitária para as Eleições Municipais 2020. Barroso afirmou que uma das prioridades do TSE é proteger a saúde dos brasileiros durante o processo democrático.
"Nós estamos fazendo o máximo possível para conciliar esse rito vital da democracia, que são as eleições, com o máximo de saúde pública para a população. [...] Nós, sob orientação da nossa consultoria sanitária, reservamos as três primeiras horas da manhã, das 7h às 10h, para a votação de integrantes de grupo de risco", exemplificou o ministro.
Já o médico David Uip, chefe do combate à covid-19 no estado de São Paulo, explicou que o mês de novembro foi escolhido pois há uma expectativa de que, nas datas marcadas, o índice de transmissão será menor. As eleições estão previstas para os dias 15 e 29. "Em novembro nós teremos possivelmente essa pandemia arrefecida, com menor número de casos e mortes. O risco zero não existe, mas a importância das eleições nos fez elaborar esse manual junto ao TSE — que eu entendo que é algo que foi muito bem discutido e partilhado entre as instituições", explicou.
Ele também ressaltou que o Brasil não deverá contar com uma vacina antes do pleito, mas destacou que o país tem um ótimo programa nacional de imunização. Essa vantagem será importante quando os processos logísticos forem concluídos. "Depois que a vacina for descoberta, terá que ser comprada, produzida. Há toda uma questão logística para a distribuição no país. O Brasil é bom em logística de vacinas por conta de ter um ótimo programa nacional de imunização. Estamos progredindo, estamos otimistas, mas eu não entendo que isso se dará a curtíssimo prazo", concluiu.
Aglomerações
São muitas as reclamações em relação aos primeiros atos de campanha para a corrida municipal. O Correio mostrou, nesta segunda-feira, que no entorno do Distrito Federal, candidatos a prefeito descumpriram decretos e geraram aglomerações, além de dispensarem o uso de máscara em vários momentos.
Em São Paulo, aglomerações também foram registradas. O candidato a prefeitura de São Paulo, Arthur Moledo do Val (Patriota-SP), por exemplo, publicou fotos em que aparece sem máscara em cima de uma caminhonete ao lado do deputado federal Kim Kataguiri e em meio a aglomerações. Entre os presentes, é possível ver alguns apoiadores também sem máscara.
Já o candidato à prefeitura da cidade de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL-SP) também aparece em meio a dezenas de apoiadores. Nas fotos publicadas em seu perfil oficial do Twitter, no entanto, não é possível vê-lo sem máscara.
A deputada federal Joice Hasselmann (PSL) foi além e publicou fotos do lançamento da sua campanha à prefeitura de São Paulo sem máscara e ao lado de vários outros políticos também sem o acessório de segurança. Dentre eles, o senador Major Olímpio.
*Estagiário sob a supervisão de Carlos Alexandre de Souza
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