O clima não é dos melhores para a visita do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, à Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado, na próxima quinta-feira. Araújo foi instado a se explicar a visita do secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo a Roraima, na última sexta-feira (18). No local, Pompeo criticou o governo de Nicolás Maduro, afirmando que a missão dos EUA era assegurar que o país tenha uma democracia, além de chamar o presidente venezuelano de traficante de drogas.
Há, por parte dos senadores, uma desconfiança quanto à visita a uma região brasileira que faz fronteira com a Venezuela, assim como às palavras proferidas por Pompeo contra Maduro, ao lado de Araújo, em uma entrevista coletiva. Na Guiana, o norte-americano foi mais incisivo. “Sabemos que o regime de Maduro dizimou o povo da Venezuela e que o próprio Maduro é um traficante de drogas acusado. Isso significa que ele tem que partir”, disse.
Ontem, durante reunião da Comissão, o senador Telmário Mota (Pros-RR) tentou suspender a sabatina dos 32 embaixadores indicados pelo Itamaraty, como chegou a ser articulado no domingo. Os colegas, no entanto, resolveram manter o convite para que Araújo dê explicações.
Apesar de não se tratar de uma convocação, o Correio apurou que o ambiente não é dos mais amenos — a não ser que os “bombeiros” do Planalto contemporizem a visita do ministro na quinta-feira. Um motivo de crítica é o fato de Pompeo ter visitado Roraima, e não a capital federal, por exemplo. Vale lembrar que dois dias antes o embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, esteve em Roraima com o governador Antonio Denarium (sem partido).
A comissão repudiou “os ataques direcionados ao presidente venezuelano e à Venezuela proferidos em solo brasileiro”. Durante a reunião do colegiado, ontem, Antonio Anastasia (PSD-MG), disse que as palavras de Pompeo o “escandalizaram”. “Houve ali, na melhor das hipóteses, uma infelicidade absoluta”, pontuou.
Outros parlamentares colocaram panos quentes, como Chico Rodrigues (DEM-RR), que não avalia que houve uma crise diplomática com a visita e palavras de Pompeo na fronteira com a Venezuela. “O Brasil é soberano, tem autonomia. Palavras do Pompeo só interessam a ele e ao país dele”, disse.
Líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) aproveitou espaço na comissão e leu manifestação do governo. “Em reuniões desta natureza, é de praxe que haja intercâmbio de opiniões e troca de impressões a respeito da situação econômica, política e social em diferentes países, particularmente aqueles da região”, comentou.
No fim de semana, Ernesto Araújo defendeu o gesto do secretário de Estado no Brasil. “Muito me orgulho de estar contribuindo, juntamente com o Secretário de Estado Mike Pompeo, sob a liderança dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, para construir uma parceria profícua e profunda entre Brasil e Estados Unidos, as duas maiores democracias das Américas. Só quem teme essa parceria é quem teme a democracia", disse.
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