Em pedido de busca e apreensão na casa e no escritório do advogado Frederick Wassef, o Ministério Público Federal (MPF) apontou suspeita de lavagem de dinheiro praticado pelo ex-advogado do presidente Jair Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ). Segundo investigação, que é uma nova fase da Operação Lava-Jato, ele teria recebido recursos oriundos do Serviço Social do Comércio (Sesc-RJ), do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-RJ) e da Federação do Comércio (Fecomércio-RJ) de forma dissimulada, por meio de contrato com um outro escritório de advocacia.
Conforme investigação, teria sido repassado ao escritório de Wassef R$ 2,7 milhões de um outro escritório contratado pela Fecomércio. Quando os valores eram depositados na conta deste outro escritório, a maior parte era destinada Wassef & Sonnenburg Sociedade de Advogados e para uma outra advogada. O MPF aponta que os valores repassados pela Fecomércio eram destinados, na verdade, a Wassef e outra defensora.
A investigação da Lava-Jato apontou também que entre dezembro de 2016 e maio de 2017, o delator Orlando Diniz e outras duas pessoas desviaram ao menos R$ 4,7 milhões do Sesc e Senac do Rio, “mediante pagamentos de honorários advocatícios, por serviços que efetivamente não foram prestados". Os valores, conforme apurado, eram repassados de forma sequencial a Wassef e a outra advogada, “ocultando a sua origem e distanciando o dinheiro de sua origem ilícita”.
Além disso, MPF relata que entre janeiro de 2015 e abril de 2017, o escritório de Wassef teria recebido R$ 4 milhões de três empresas de informática ligadas a ex-companheira de Wassef. “Como se vê, o uso de pessoa interposta para recebimento de valores – assim como o fez em relação ao Sesc/Senac/Fecomércio –, por Frederick Wassef mostra-se como prática reiterada e forma de atuação para prática de lavagem de dinheiro”, pontua o MPF.
O advogado defendeu o senador Flávio Bolsonaro no caso das 'rachadinhas' (esquema de desvio de salário de servidores) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) até junho deste ano. Wassef saiu do caso depois que a polícia prendeu o ex-assessor de Flávio, Fabrício Queiroz, no escritório advocatício do defensor em Atibaia (SP). Ele também defendeu o presidente no caso da facada desferida por Adélio Bispo contra o então candidato à presidência da República Jair Bolsonaro.
Esquema
A Operação E$quema S foi deflagrada pelo MPF, Polícia Federal e Receita Federal, que cumpriram 50 mandados de busca e apreensão. O MPF denunciou 26 pessoas. Denúncia aponta que possível desvio, entre 2012 e 2018, de cerca de R$ 355 milhões do Serviço Social do Comércio (Sesc) do Ri, do Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac-RJ) e da Federação do Comércio (Fecomércio-RJ).
Dentre os denunciados estão o advogado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Cristiano Zanin, o ex-governador Sérgio Cabral e a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo.
Confira nota de Wassef:
“No dia de hoje foi cumprido um mandado de busca e apreensão em minha residência no Morumbi, assustando meus pais idosos que moram comigo e não podem ter contato com ninguém pela questão da pandemia. Nenhuma irregularidade foi encontrada e, por consequência, não houve a apreensão de nada. O mesmo se sucedeu em meu escritório de advocacia: nada foi apreendido.
Não fui denunciado como os demais advogados e nada tenho que ver com nenhum esquema de Fecomércio. Jamais fui contratado pela Fecomércio ou recebi pagamentos desta entidade. Fui contratado por um renomado escritório de advocacia criminal de São Paulo que tem como dona uma conhecida procuradora do Ministério Público de SP e que sua biografia é um exemplo de integridade, retidão e honestidade, além de ter dedicado sua vida no combate ao crime como atuante promotora e procuradora de justiça que foi.
Todos os meus serviços, de todos os clientes, foram prestados. Meus honorários foram declarados à Receita Federal e todos os impostos pagos na totalidade. Após dois anos e meio de investigação não fui denunciado. Jamais em minha vida pratiquei qualquer irregularidade e nunca fui investigado ou respondi a qualquer processo. Sou aprovado pelo rigoroso compliance de todos os Bancos e de meus clientes.
O delator Orlando Diniz está deliberadamente mentindo a meu respeito a mando de advogados inescrupulosos que estão usando-o como míssil teleguiado para me atingir visando atender o interesse de um outro cliente em comum.
Denunciei no ano passado a uma autoridade pública o esquema e uma engenharia criminosa que estava sendo montada para usar o delator para me atingir e já existe uma investigação em curso apurando tais fatos.”
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