Morreu na última quarta-feira (26) o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva, da extinta Vasp, que evitou um atentado contra o Palácio do Planalto no dia 29 de setembro de 1988. A informação foi publicada pelo escritor Ivan Sant'Anna, que escreveu um livro que aborda o caso, intitulado "Caixa preta".
Murilo comandou o voo Vasp-375, que partiu de Belo Horizonte (MG) com destino ao Rio de Janeiro, mas foi sequestrado no ar por Raimundo Nonato Alves da Conceição, de 28 anos. Ele estava desempregado e culpava o então presidente, José Sarney. Assim, obrigou o piloto a mudar a rota, com destino a Brasília, para atingir o Palácio do Planalto e matar chefe do Executivo.
O avião tinha 135 passageiros e oito tripulantes. Durante o sequestro, o piloto conseguiu enviar um código de alerta internacional para informar o crime. A torre, então, entrou em contato com o avião, e quando o copiloto, Salvador Evangelista, pegou o rádio para responder, foi morto com um tiro na cabeça.
Ao chegar em Brasília, Fernando Murilo avistou algumas nuvens e disse ao sequestrador que não seria possível pousar. Raimundo, então, mandou o piloto seguir para Anápolis (GO) e depois para Goiânia. Sobrevoando a pista da capital goiana, o sequestrador resolveu que o novo destino seria São Paulo, mas já havia pouco combustível.
Como Raimundo não deixava o piloto pousar o avião, ele resolveu fazer uma manobra arriscada para tentar desequilibrá-lo. Na primeira, ele não caiu. A segunda foi ainda mais arriscada, conhecida como "parafuso" - o avião vai de bico para o chão. Quando concluiu, o sequestrador havia caído e Fernando realizou o pouso da aeronave.