IMPACIÊNCIA

Bolsonaro se irrita com jornalista e volta a criticar imprensa em discurso

Questionado por jornal se estava arrependido da ameaça feita a profissional em Brasília, além da ofensa proferida na última segunda, presidente cessou conversa com repórteres em Ipatinga

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltou a demonstrar impaciência com a imprensa, na manhã desta quarta-feira (26/8), durante a reinauguração do Alto-Forno 1, na Usiminas, em Ipatinga, no Vale do Aço. Logo nos minutos iniciais do discurso, Bolsonaro criticou profissionais do jornalismo.

Mais tarde, durante uma entrevista coletiva, ele se irritou com uma pergunta feita pelo Estado de Minas e cessou a conversa com repórteres. Após o evento de reinauguração do Alto-Forno 1, Bolsonaro caminhou pelas instalações da Usiminas e cumprimentou funcionários.

Em seguida, parou por quase dois minutos para responder perguntas dos jornalistas. A reportagem questionou o presidente se estava arrependido pela ameaça feita a um profissional da imprensa no último domingo (23/8), em Brasília, além da ofensa da última segunda (24/8), quando disse que 'jornalista bundão tem chance menor de sobreviver à covid-19' do que ele próprio. O chefe do Executivo demonstrou impaciência e cessou a conversa.

“Não tem arrependimento aqui, não. O que eu falei, está falado… com todo respeito, tem alguma pergunta decente para fazer? Pelo amor de Deus. “Ah, você se arrepende?. O que está feito, está feito. Lamento se eu pisei na bola”, disse Bolsonaro, antes de deixar a coletiva.

Crítica

Mais cedo, em seu discurso de inauguração do Alto-Forno 1, Bolsonaro criticou a imprensa, citando como exemplo o episódio em que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que taxaria o aço brasileiro, recuando em seguida e isentando o Brasil das tarifas adicionais. O fato aconteceu entre dezembro de 2019 e janeiro deste ano.

“O dia que eu for elogiado pela imprensa, pode ter certeza que o Brasil está indo mal. Lamento ter uma imprensa, em grande parte, que se comporta dessa maneira. Há poucos meses, tínhamos uma notícia que o presidente americano sobretaxaria o nosso aço. A imprensa me criticou. “Amigo do cara, vai taxar o aço”. Eu segurei, quieto, por quase 30 dias. Obviamente conversei com o Trump. Tenho um profundo respeito e admiração por ele. Acabou que 30 dias depois o aço não foi sobretaxado”, alfinetou.

O evento que contou com a presença de Bolsonaro e de Romeu Zema (Novo), governador de Minas, marcou a retomada da produção do Alto-Forno 1 e da Aciaria 1 da usina na cidade de Ipatinga. O trabalho estava paralisado desde o início de abril deste ano, devido à pandemia do novo coronavírus.