Pandemia

Bolsonaro ressuscita as antigas narrativas anti-isolamento social

O presidente começou ressaltando a importância de cuidar da economia durante a pandemia, e disse que, em 2019, o país estava "praticamente, começando a decolar"

O presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos e a imprensa pelo isolamento social e o combate ao coronavírus. As falas ocorreram na abertura do 32º Congresso Nacional da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), que contou com a presença da equipe Econômica e diversos ministros. Bolsonaro começou ressaltando a importância de cuidar da economia durante a pandemia, e disse que, em 2019, o país estava "praticamente, começando a decolar". "Até que apareceu esse tal desse vírus aí, que foi potencializado por grande parte da mídia e ela levou o pânico junto à população", disse.


"Eu confesso: eu vi governador sendo pressionado pela população porque o estado vizinho havia fechado tudo e ele não havia fechado nada ainda. Então, com esse pânico todo da população, acredito que alguns governadores foram além do necessário para aquele momento, porque o objetivo de achatar a curva não era evitar que eu, ou o Paulo, ou algum dos senhores pegasse o vírus, era evitar que pegássemos o vírus quase de forma simultânea. Todos nós pegaríamos. E foi onde eu falei: 'não adianta correr, nós temos que enfrentar, poxa'", afirmou Bolsonaro.


O presidente disse que as gerações mais jovens não enfrentam os problemas. "Eu não sei que geração é a nossa. Não a nossa, que eu tô com 65, essa mais jovem que tá aí, que não enfrenta os problemas. É igual a uma guerra: se você ficar dentro da toca, tu vai morrer. Você vai ter que atirar. E nós tínhamos que enfrentar o vírus”, disse. Na sequência, reclamou da decisão do STF sobre o poder do governo federal de intervir nos estados no combate à pandemia, mas distorceu a sentença. “Bem, veio a decisão do STF onde, para mim, chefe do Executivo, cabia basicamente recursos e meios para Estados e municípios enfrentarem ‘a tal da pandemia’, reclamou.


Na verdade, a decisão dos ministros foi de garantir que cada estado ou município guiasse o próprio isolamento, quando o governo federal tentava interferir e enfraquecer essas medidas. Bolsonaro disse, também, que conversou com especialistas sobre o uso da cloroquina, e pôs em dúvida os números de mortos e contaminados apresentados pelo governo chinês. “Comecei a estudar a questão da pandemia, conversei com norte-americanos, junto com o FDA americano, estavam lá usando a cloroquina”, garantiu.


“Comecei a estudar por que na China quase ninguém morreu. Se bem que nós sabemos que os números de lá muitas vezes não refletem a realidade. Mas se levasse em conta o tamanho da China, com 1,4 bilhão de habitantes, mesmo escondendo alguns números, alguma coisa que apareceria, porque teria que ser uma morte de alguns milhões de pessoas rapidamente. Por que na África basicamente quase ninguém morre lá, não temos notícia? E eu apostei na hidroxicloroquina. Apostei, mas obviamente, com médicos do meu lado, com pessoas que não estavam preocupadas com a sua biografia, a preocupação era em salvar vidas”, completou Bolsonaro.


O presidente justificou as saídas em meio ao público, que ocorreram diversas vezes, inclusive em manifestações antidemocráticas. Afirmou que, como general, tem que “andar no meio da tropa”. “Eu não posso ficar numa redoma de vidro vendo o povo lá atrás enfrentando o problema e eu não estou sentindo esse problema do lado deles. Fui muito criticado por isso. Falava constantemente, desde março, como agora a OMS também reconhece, através do senhor diretor-geral, dizendo que vida e economia não podem ser dissociados. Parabéns. Cinco meses depois de uma pessoa que é militar, não tem nada a ver com a medicina, já havia falado”, alfinetou.


“Também assisti há pouco ele falar que, mesmo vindo a vacina, nós teremos que aprender a conviver com a Covid-19. É óbvio. Essas coisas, quando vem, você não tem como erradicar, pelo que parece, de forma definitiva, com todos os meios que a medicina se apresenta para nós. Mas uma coisa é certa e os senhores sabem disso: a falta de emprego leva à depressão e leva a morte. E o efeito colateral dessas medidas de fechem tudo, de forma quase que irracional por parte de alguns chefes de Executivo, tem levado a isso”, continuou.

 

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