O afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) repercute não só na cúpula do Palácio do Planalto como entre os parlamentares. Senadores e deputados federais também reagiram à decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Tris in Idem, um desdobramento da Operação Placebo, que investiga atos de corrupção em contratos públicos do estado.
Pelas redes sociais, senadores focaram no debate sobre a delicada situação política que o Rio de Janeiro enfrenta. “O estado do Rio de Janeiro merecia um histórico melhor”, lamentou o senador Romário (Podemos/RJ), contextualizando o momento de crise na saúde pública enfrentado pelo país. “Em plena pandemia, quando os governantes deveriam estar focados em salvar a população.”
Também representante do estado na Casa, Arolde de Oliveira (PSD) descreveu o acontecimento como “triste e lamentável”. Sem discutir de quem é ou não a razão, o parlamentar sintetizou que “a situação política, econômica e social afunda de vez” e que quem perde é a população.
Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP) enfatizou a necessidade de prosseguir com as investigações, sobretudo pelo momento em que o país atravessa, quando “as piores pessoas se utilizam da dor e do luto para desviar recursos”, disse. “Não podemos, sob hipótese alguma, nos calar diante disso. A corrupção é a pior das doenças”, completou.
A correlação com a pandemia também foi destacada pelo senador Lasier Martins (Podemos/RS) com a frase de que “a corrupção mata mais do que o próprio coronavírus”, escreveu. Para Plínio Valério (PSDB/PA), o dinheiro desviado na saúde é motivo para a falta de atendimento na ponta. “A prisão de gestores que desviam recursos da saúde no meio dessa mortandade de brasileiros deveria ser exemplar. Mas os desvios não param, e a dinheirama despejada para o socorro não chega”, escreveu.
Também pelo Twitter, o senador Styvenson Valentin (Podemos/RN) teceu ataques diretos ao governador do Rio, citando, inclusive, o suposto envolvimento da primeira-dama, Helena Witzel. “Witzel representava a renovação na política! Pastor Everaldo, presidente do PSC, preso. Segundo relatos, ele controlava a saúde no estado. Até a primeira-dama envolvida no nepotismo da corrupção? Tudo isso por desvios de dinheiro na saúde numa pandemia que já matou quase 120 mil brasileiros.”
Oposição do governo de Jair Bolsonaro, o senador Humberto Costa (PT/PE) aproveitou os holofotes para tecer críticas ao presidente da República. O parlamentar destacou que o Pastor Evaraldo, presidente do PSC e preso na operação que afastou Witzel, foi quem batizou Bolsonaro no ano das eleições. Postou, ainda, uma foto em que Witzel, Bolsonaro e Everaldo aparecem juntos, ironizando que a imagem “não precisa nem de legenda”.
Ao comentar junto a apoiadores o afastamento de Witzel, Bolsonaro riu e comentou: “O Rio está pegando... Está pegando hoje, hein?”. No início das investigações, em junho, o mandatário já havia ironizado a situação do opositor político insinuando a prisão ao afirmar que ele “deverá estar brevemente” como governador do Rio.
Defesa
Em resposta ao afastamento à pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), Witzel (PSC) afirmou que está sendo vítima de uso político do caso investigado. "Qual foi o ato ilícito que eu pratiquei?", questionou, durante o pronunciamento do afastamento. Witzel mencionou a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, por ser próxima da família Bolsonaro, insinuando que se trata de um pedido do presidente por querer o Rio de Janeiro.
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