O presidente Jair Bolsonaro criticou, na manhã desta quarta-feira (26/8), a proposta do Renda Brasil apresentada, nessa terça-feira (26/8), pela equipe econômica chefiada pelo ministro Paulo Guedes. O chefe do Executivo afirmou que pediu a suspensão do anúncio do super pacote do Pró-Brasil. A declaração ocorreu durante a solenidade de religamento do Forno 1 da Usiminas, em Ipatinga.
“Ontem discutimos a proposta, a possível proposta do Renda Brasil. Eu ontem falei 'está suspenso'. Vamos voltar a conversar. A proposta como a equipe econômica apareceu para mim não será enviada ao Parlamento. Não posso tirar de pobres para dar para paupérrimos. Não podemos fazer isso", afirmou.
Bolsonaro disse que ouviu propostas de utilizar o abono salarial de trabalhadores como uma das fontes para bancar o Renda Brasil, mas refutou a ideia.
"Como por exemplo, a questão do abono para quem ganha até dois salários mínimo. Seria, né, um 14º salário. Não podemos tirar isso de 12 milhões de pessoas para dar para um Bolsa Família ou um Renda Brasil, seja lá o que for o nome deste novo programa. Ou o Brasil começa a produzir, começa a, realmente, fazer o plano que interessa a todos nós, que é o melhor programa social que existe, que é o emprego, ou estamos fadados ao insucesso. Não posso fazer milagre e conto com todos os brasileiros para que cada um faça o melhor de si para tirar o Brasil da situação difícil em que se encontra, que não é de hoje" Bolsonaro
Na proposta inicial de Guedes, o benefício do Renda Brasil, o novo Bolsa Família, teria o valor médio de R$ 247. O presidente por sua vez, espera que o ministro consiga aumentar a proposta, que a exemplo do auxílio, se bem sucedido, terá impacto positivo em sua popularidade.
Bolsonaro também não quer arcar com o ônus político de tirar benefícios já concedidos a população mais carente para bancar o programa. Resta saber de onde virá a verba. Uma das propostas do chefe da equipe econômica é acabar com as deduções do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF). Ele também vem sugerindo aos interlocutores a extinção de programas sociais que considera ineficientes, como o seguro-defeso e o Farmácia Popular.
Auxílio Emergencial
Sobre o auxílio emergencial, Bolsonaro voltou a dizer que a medida será estendida até dezembro. No entanto, o presidente ressaltou que o governo não poderá seguir indefinidamente com os pagamentos. Ainda ontem, Bolsonaro disse que decidirá até sexta-feira (28/08) o valor a ser praticado, que deverá ficar entre R$ 250 e R$ 400.
“O Brasil, pode ter certeza, foi um dos países que melhor enfrentou a Covid com as medidas tomadas, atendendo o maior número de pessoas que necessitavam, que chegam na casa de 65 milhões de pessoas onde nós criamos um auxílio emergencial para durar três meses num primeiro momento. Quando chegou no terceiro mês, prorrogamos por mais dois meses. Completamos agora em agosto cinco meses do auxílio emergencial de R$ 600. Isso custa ao Brasil aproximadamente R$$ 50 bilhões por mês. É uma conta pesada”, reforçou.
O mandatário ressaltou que o valor das parcelas não será “nem de R$ 200 e nem de R$ 600. “Sabemos que os R$ 600 é pouco para muita gente que recebe, mas é muito para o país que se endivida. Lamentavelmente, como é emergencial, temos que ter um ponto final nisso. Não podemos, ad eternum, bancar 65 milhões de pessoas com R$ 600, R$ 1200 e algumas até com R$ 1800 por mês. E nós resolvemos estendê-lo até dezembro, o valor não será R$ 200 e nem R$ 600. Estamos discutindo com a equipe econômica”, concluiu.
Aglomeração em Minas Gerais
Na chegada a Ipatinga, em Minas Gerais, Bolsonaro repetiu gestos de visitas anteriores a outros estados do país. Sem máscara e em meio a aglomeração, cumprimentou apoiadores com apertos de mãos, distribuiu abraços e tirou selfies com crianças. As cenas foram publicadas nas redes sociais do presidente.
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