Coordenador da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol disse nesta segunda-feira (17/8) que a equipe formada por 14 procuradores da República menosprezou a dimensão que ações tendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teriam. Dallagnol comentava sobre o episódio da apresentação de denúncia contra o petista, em 2016, no qual o ex-presidente foi colocado, em uma imagem de 'PowerPoint' (programa de apresentação), no centro de uma suposta organização criminosa.
"Qual foi o erro daquele episódio? Foi a gente não perceber que ações envolvendo o ex-presidente Lula tomam uma dimensão muito grande. Se a gente tivesse percebido isso, a gente certamente teria feito de um modo diferente. Agora, se você me perguntar se foi errado, não foi errado. Só foi um jeito que não foi conveniente, que não repercutiu muito bem", disse em entrevista ao portal UOL.
O caso fomentou um pedido de providências feito pela defesa do ex-presidente contra Dallangol. Essa e outras duas ações serão analisadas pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) na próxima terça-feira (18), em sessão que está marcada para as 9 horas. No caso de Lula, o pedido não é específico sobre a apresentação, mas um pedido para que não houvesse manifestação de cunho político-partidário por parte dos procuradores ou sobre fatos que não são da competência da equipe. O futuro do procurador está em risco, quando ele poderá ser afastado compulsoriamente da força-tarefa de Curitiba.
Deltan explicou que a apresentação fazia parte da rotina da força-tarefa, para deixar as informações de forma clara e didática a jornalistas.
"A gente já tinha feito uma série de coletivas apresentando denúncias em momento anteriores e em várias delas a gente tinha usado powerpoint, tinha feito apresentações com o objetivo de explicar como funcionam as investigações, os processo, como foram os atos de corrupção, quais eram as provas que a gente dispunha", afirmou.
Razão técnica, não política
O procurador garantiu que a apresentação sobre Lula tinha uma razão técnica. "A razão para aquelas bolas não tinha nada de político, era técnica; era mostrar que tinha um corpo de provas indiciárias", disse. De acordo com ele, a intenção era mostrar o conjunto de leituras de realidade a partir da denúncia, e que as denúncias foram confirmadas na Justiça, na primeira, segunda e terceira instâncias.
Apesar de frisar que não houve erro, Dallagnol disse que faria diferente. "Faria, para evitar uma polêmica desnecessária. Mas se perguntar se a gente em algum momento viu uma linha da lei e decidiu ultrapassar, isso jamais. Se isso tivesse acontecido, o que ia acontecer era um racha dos 14 membros (da força-tarefa)", ressaltou.
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