A capital do país passa a contar, desde 30 de novembro, com um espaço inédito de arte, ciência e tecnologia. Trata-se do SESI Lab, um museu 100% interativo, localizado no coração da cidade, no antigo Edifício Touring Club, próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Considerado um reduto de ciência, inovação e educação, o projeto é uma iniciativa do Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI).
Por se tratar de um ambiente que será fixo em Brasília, cerca de 350 mil visitantes são esperados a cada ano, além de 85 mil estudantes e três mil professores, que poderão participar de formações, conhecer as quatro galerias expositivas e realizar oficinas, cursos e atividades culturais. Ao todo, o público terá acesso a cerca de 300 oficinas, 120 ações culturais e 10 edições de sessões noturnas, esta última voltada especialmente para os maiores de 18 anos.
“Queremos motivar os nossos jovens, as nossas crianças, os adultos a inovar. A pensarem na cultura, na arte, na matemática como uma forma de aprendizado e de vida. É uma iniciativa pioneira no país", afirma o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade. “É, sobretudo, um lugar para estimular a autonomia do pensamento a partir do protagonismo de cada visitante em seu processo de percepção e construção de sentidos”, pontua.
Em quase oito mil metros quadrados de área construída e somado aos 33 mil metros quadrados de área verde revitalizada, gerida em parceria com o Governo do Distrito Federal (GDF), o SESI Lab consiste em um complexo multiuso com experiências sensoriais a partir de um processo lúdico, divertido, estimulante, participativo, coletivo e democrático.
Para isso, o SESI Lab contará com uma programação cultural e educativa variada, buscando contemplar todas as idades. Das 9h às 22h, o museu oferecerá apresentações musicais, contações de histórias e performances artísticas. Para a participação nas atividades educativas que ocorrerão nos espaços Maker, Biomaker e ExperimentoLab, o museu oferecerá vagas limitadas e, dessa forma, serão distribuídas senhas 30 minutos antes de cada atividade.
Como surgiu a ideia
A implementação do projeto conta com a assessoria técnica do Exploratorium, um museu de ciência, tecnologia e artes, com mais de 40 anos de experiência, localizado em São Francisco, na Califórnia (EUA). Idealizado pelo físico Frank Oppenheimer, o ambiente explora o mundo sob a ótica da ciência, da arte e da percepção humana.
Utilizando o Exploratorium como referência, o SESI Lab surge como um espaço pioneiro de difusão do conhecimento para todo o território brasileiro, em que o contemplativo é substituído pela interação em todos os ambientes. “Temos um DNA compartilhado entre as duas instituições. Hoje estamos celebrando o resultado dessa parceria. Quando o público chegar aqui, será o lançamento de um projeto que precisa evoluir para completar sua visão criativa e educativa. Conforme a filosofia educativa do SESI e do Exploratorium, temos de continuar sempre fazendo e inovando”, afirma Tom Rockwell, diretor Criativo do Exploratorium.
"Nós fizemos uma pesquisa no mundo todo, rodamos vários museus e encontramos o Exploratorium, que tem uma pegada bem interessante de você ter interação direta com todos os aparatos. Tivemos uma conversa com o Exploratorium e, a partir disso, eles nos ajudaram no processo de concepção. Começamos a desenvolver o projeto e, posteriormente, instalamos o SESI Lab no antigo prédio do Touring, no centro de Brasília, por se tratar de um compromisso do SESI com a área de educação. É uma forma inequívoca de falar que o tema é uma agenda importantíssima." Paulo Mól, diretor de Operações do SESI.
Além da inspiração, o SESI trouxe vários equipamentos, do exterior, que também estão presentes no próprio Exploratorium. Neste primeiro momento, eles iniciam as atividades com mais de 100 aparatos. Entretanto, a ideia é que, futuramente, novos produtos sejam feitos em parceria com o SENAI, universidades e pesquisadores brasileiros para ampliar o portfólio de atividades oferecidas no SESI Lab.
Via transporte marítimo, ao todo, foram 94 caixas transportadas, somando 31,97 toneladas (peso bruto) de material. O transporte de São Paulo para Brasília foi terrestre, com cinco caminhões intercalando chegadas e descargas durante o mês de agosto. A montagem contou com a supervisão de um time de especialistas em logística do próprio Exploratorium, que esteve uma temporada na capital brasileira para acompanhar de perto a instalação e capacitação das equipes no Brasil.
Aprendizagem
"Cada espaço do SESI Lab é muito interativo. Você consegue, de fato, entender como as coisas funcionam. Você é impactado diretamente pela ciência. Isso faz com que as pessoas cresçam muito", comenta Mól.
Segundo o profissional, os equipamentos inseridos no espaço possibilitam que aspectos físicos, químicos e biológicos sejam trabalhados de forma prática. A ideia com essa iniciativa é oferecer um legado e um tributo à educação. Dessa forma, cada ambiente foi construído, pensado e executado para que a inovação e a tecnologia estejam no centro do debate.
“Você pode aprender qualquer coisa, porque o seu cérebro se molda para aquele conhecimento. Contudo, a aprendizagem se torna mais potente quando o cérebro interage diretamente com o objeto de estudo”, ressalta. “Se você está lendo algo que está próximo da sua realidade, você pode até decorar, mas em determinado momento, é provável que venha a esquecer o assunto. Por outro lado, quando você está trabalhando de uma maneira que interage, constrói e aplica a prática com a mão na massa, o cenário já muda, visto que a aprendizagem tende a ser mais intensa”, complementa.
O diretor de Operações do SESI também indica que a educação está em um processo de renovação. Segundo o profissional, cada vez mais, tem sido observado um caminho diferente para o processo de aprendizagem, onde está sendo requisitada a compreensão acerca dos problemas em prol da busca por soluções.
Para Mól, a estrutura das salas de aula, por exemplo, será modificada ao longo dos anos. "A forma como a gente observa a estrutura das salas de aula, muito provavelmente, não permanecerão da mesma forma, onde o professor vai à frente da turma e realiza uma exposição de conteúdo. Isso está em desuso. Talvez, ao longo do tempo, o professor assuma o papel de ser menos alguém que apenas passará a disciplina para se tornar um tutor dos estudantes, conduzindo e orientando o processo de ensino. A aprendizagem vai acontecer de forma lúdica e o SESI Lab tem tudo a ver com isso", comenta.
Expectativas
Ao promover a conexão entre ações artísticas, científicas e tecnológicas, em colaboração com a indústria e a sociedade, o SESI Lab transcende o Distrito Federal, segundo Mól.
"O SESI Lab foi construído em um prédio bonito, na Esplanada, localizada em Brasília, com o objetivo de defender a agenda de educação para o país como um todo. Temos o intuito de fazer com que várias pessoas possam experimentar e que, além disso, haja uma contribuição muito forte para que possa mudar a vida da população. A ideia é ajudar as pessoas a serem transformadas para melhor, para entender como a ciência funciona." Paulo Mól, diretor de Operações do SESI.
O primeiro mês de abertura do SESI Lab, em dezembro, será gratuito para todos os públicos. Após esse período, a entrada inteira custará R$ 20 e, a meia, R$ 10 para estudantes, professores e idosos.
SERVIÇO
O que: SESI Lab (www.sesilab.com.br)
Onde: antigo edifício Touring Club, no Setor Cultural Sul (SCS), em frente ao Conic Brasília e ao lado da Rodoviária do Plano Piloto
Quando: a partir do dia 30 de novembro
Horário de atendimento: de terça a sexta-feira, das 9h às 18h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h. Uma vez por mês será escolhido um dia de entrada gratuita a todos os públicos.
Como visitar: retire seu ingresso no site do SESI Lab ou no Sympla.
Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti