Em Brasília, a escola Maria Montessori (SGAS 913) é um dos grandes expoentes do Método Montessori dentro e fora das salas de aula. Com aproximadamente 1.500 alunos, do Maternal I ao 6º ano, é estimado que o colégio tenha formado cerca de 40 mil indivíduos ao longo de 52 anos, tempo em que atua na capital.
Contando com 76 turmas atualmente, a instituição estará apta a receber mais estudantes em breve. Isso porque, de acordo com a diretora pedagógica, Marcia Fatureto, o Ensino Fundamental II chegará ao 7º ano. No entanto, com a finalização da construção de um novo prédio, prevista para o início de 2023, a expectativa é expandir a formação até o 9º ano.
A profissional explica que o objetivo da ampliação é difundir ainda mais o método e, com ela, formar cidadãos completos para a vida. A novidade será viabilizada devido a implementação de um novo prédio no lote da escola, que será responsável por abrigar as novas turmas da rede.
"O Ensino Fundamental II era um pedido antigo das famílias. Como os alunos criam um grande vínculo com a escola, normalmente desde o Maternal I, ampliar os segmentos proporciona um maior contato com o Método Montessori e, desta forma, uma formação ainda mais ampla para o Ensino Médio e demais desafios educacionais", indica.
Com o objetivo de formar seres humanos completos para a vida, a escola aposta na modernização do ensino. Embora a metodologia seja tradicional, a instituição busca manter os alunos próximos às atualidades e necessidades da sociedade.
Dessa forma, a Maria Montessori conta com computadores individuais, intitulados como Learning Book, com o sistema Somos By Google for Education, para os alunos do Ensino Fundamental II, uma solução tecnológica desenvolvida para otimizar o ensino.
Comprometida em manter um ensino atualizado e de qualidade, a escola se dedica a oferecer uma aprendizagem individualizada, visto que cada ser é único e ativo em suas habilidades. Em todo esse processo, a metodologia está presente para agregar ainda mais na formação dos alunos. "Apesar do Método Montessori ser centenário, ele garante um ensino de qualidade nos dias de hoje", complementa Marcia Fatureto.
Além disso, a profissional também pontua que é possível aprender em qualquer momento e situação. Ela explica que, no caso das crianças, esse cenário as torna mais preparadas para atuação na sociedade. Por isso, na escola, os profissionais são qualificados e capacitados para exercerem a função de orientadores no processo ensino-aprendizagem.
O método aplicado na instituição foi desenvolvido por Maria Tecla Artemisia Montessori, a italiana que revolucionou a educação mundial com base no respeito às diferenças, socialização e autodesenvolvimento. Nascida em 1870, em uma região com pouco mais de 14 mil habitantes, a pedagoga tornou-se referência por fugir dos modelos tradicionais de aprendizagem.
Interessada pela ciência desde cedo, Maria Montessori se formou, inicialmente, em Medicina, quando, na época, a profissão ainda era repleta de machismo e tabus quanto à presença feminina no mercado. Ao final do curso, ela se tornou grande defensora do feminismo científico, buscando igualdade de gênero dentro da área.
Posteriormente, em 1897, Montessori teve o seu primeiro contato com a pedagogia, em uma clínica psiquiátrica. Na ocasião, a profissional era encarregada de examinar crianças que pudessem ser retiradas da instituição para serem submetidas a atividades didáticas. A partir desse episódio, ela passou a defender a necessidade de aulas em instituições especiais infantis.
Com base nas suas vivências e indignações diante da maneira que a educação era conduzida, Montessori desenvolveu o seu método que, até hoje, é utilizado por inúmeras instituições. Entre suas premissas, a educanda apostava no ensino por meio da liberdade, da atividade e do estímulo para o crescimento intelectual infantil.
Sabe-se que grandes líderes estudaram o Método Montessori. Entre os destaques, pode-se citar Mark Zuckerberg, fundador do Facebook; Bill Gates, fundador da Microsoft; Jeff Bezos, dono da Amazon e até a cantora Beyoncé.
Busca pelo desenvolvimento
Estima-se que 85% das profissões que existirão em 2030 ainda não foram inventadas. A constatação foi feita em uma pesquisa realizada pelo Institute for the Future (IFTF), organização localizada na Califórnia, responsável por reunir líderes do mundo para pensar o futuro, inclusive, no âmbito da educação.
Para a diretora pedagógica da Maria Montessori, isso prova o quanto o mercado de trabalho passará por profundas transformações e exigirá seres humanos mais conectados, adaptados às inovações e emocionalmente preparados para o novo. Dessa forma, no que diz respeito à formação acadêmica, não basta apenas estar apto cognitivamente.
"O mundo em transformação e cada vez mais globalizado tem exigido da escola um desenvolvimento de mais habilidades em seus alunos. Estudantes mais bem informados e aptos a lidar com a diversidade e com os conflitos. Alunos que são trabalhados em sua totalidade possuem mais ferramentas para superarem as adversidades do mundo atual”, diz.
Marcia Fatureto explica que, na Escola Maria Montessori, fala-se muito em inovação mantendo a tradição. Para isso ser viável, a instituição atualiza, constantemente, as rotinas dos alunos para complementar o conteúdo da metodologia, que, por natureza, contribui para o desenvolvimento integral do ser humano. “A educação proposta por Maria Montessori objetiva tornar a criança capaz de realizar sua missão no mundo, de forma equilibrada e responsável”, reforça.
Nesse sentido, o colégio busca desenvolver o Método Montessori de diferentes formas. É proporcionado aos alunos, por exemplo, rodas de conversas, palestras e projetos de formação pessoal, com temas da atualidade que oferecem crescimento e aprendizagem. Além disso, a liberdade de expressão e o exercício da cidadania nos comportamentos dos alunos são preceitos fundamentais para a instituição.
"O Método Montessori, por natureza, propicia um aprender por meio do concreto e não apenas pelos livros e demais materiais pedagógicos. Por isso, realizamos, também, diversas visitas técnicas ao longo do ano. Quando trabalhamos sobre os povos indígenas, por exemplo, falamos sobre história, fazemos oficinas para trabalhar o conteúdo e coroamos tudo com a ida ao Museu do Índio. As crianças adoram", pontua.
Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti