A KPMG divulgou, no mês de outubro, o estudo CEO Outlook 2022. Contando com a participação de mais de 1.600 entrevistados, com a presença de 50 CEOs brasileiros, o levantamento apresentou um panorama acerca dos líderes mundiais para abordar temas voltados ao desenvolvimento dos negócios, os desafios enfrentados nos seus ramos e as estratégias pensadas para os próximos anos.
De acordo com os dados apresentados, em âmbito geral, a resiliência foi o principal expoente presente nos empreendimentos. Segundo a empresa, o otimismo dos executivos sobressaiu às adversidades enfrentadas nos últimos meses. Estima-se que 94% dos líderes, no Brasil, estão confiantes ou muito confiantes quanto ao crescimento das empresas para os próximos três anos. O percentual foi considerado acima dos demais países consultados, onde o mesmo sentimento atinge 85% dos entrevistados.
"A resiliência é uma característica cada vez mais marcante das empresas e os CEOS brasileiros estão demonstrando elevado grau de consciência e liderança nesse cenário de incertezas geopolíticas, crise climática e demandas tecnológicas." Charles Krieck, presidente da KPMG no Brasil e na América do Sul.
O especialista indica que, apesar dos desafios recentes, o nível de confiança no que diz respeito ao crescimento empresarial não foi amplamente atingido.
Grande parte desse resultado envolve as receitas e os quadros de funcionários dos entrevistados, que não foram impactados negativamente. Além disso, a pesquisa também evidencia que o mercado brasileiro está cada vez mais resiliente, conectado e fortalecido. Krieck indica que isso contribui para explicar o otimismo dos executivos da alta liderança no mercado, nos negócios e na economia.
Entre as estratégias de crescimento para alcançar resultados positivos, os brasileiros pontuaram aspectos relevantes que auxiliaram nesse processo. De modo geral, as alianças estratégicas com terceiros (36%) foi o ponto mais abordado entre os entrevistados. Joint ventures (20%), gerenciamento de riscos geopolíticos e crescimento orgânico (14%, respectivamente), aparecem logo na sequência.
Dois pontos de interesses para atingir prosperidade empresarial envolveram também fusões e aquisições (10%), e outsourcing (6%). Segundo a KPMG, sobre a importância do propósito corporativo para impactar a organização, impulsionar cultura e comportamentos (92%), fortalecer funcionários (92%) e impulsionar o desempenho financeiro (92%) são os principais fatores indicados pelos CEOs do país.
Em território brasileiro, participaram da pesquisa executivos de organizações que operam em 11 setores da economia: Consumo e Varejo (14%); Manufatura (12%); Telecomunicações (10%); Infraestrutura (10%); Seguros (10%); Tecnologia (8%); Gestão de Ativos (8%); Automotivo (8%); Energia (8%); Bancário (6%); e Ciências Da Vida (6%). A maioria (58%) da amostra brasileira é de empresas que alcançaram receitas superiores a US$ 10 bilhões no mais recente ano fiscal.
Otimismo em pauta
Ao redor do mundo, dois eventos influenciaram mudanças significativas nos âmbitos social, político e econômico: o fim próximo da pandemia e a guerra da Ucrânia, no Leste Europeu. Para Krieck, diante das crises, os CEOs têm demonstrado cada vez mais agilidade em ajustar as estratégias das organizações que lideram.
“Os dois eventos tiveram forte influência em toda a sociedade, ocasionando mudanças permanentes ao modo como as empresas lidam com questões cotidianas, desde a estruturação da cadeia de suprimentos até o modelo de trabalho proposto aos funcionários ao redor do mundo. Por tais motivos, questões que estão no entorno desses eventos integram o levantamento anual CEO Outlook: Brasil”, explica Krieck.
Além disso, o presidente da KPMG ressalta que os empreendedores estão muito conscientes sobre o propósito corporativo e sabem que este ponto é fundamental para gestão estratégica da organização, desde a contratação de talentos até os resultados financeiros.
“Os líderes de negócios também estão fortalecendo e tornando mais transparentes as iniciativas ESG. E seguem focados em sustentar uma estratégia digital eficiente e agressiva para manter a competitividade e fortalecer a resiliência. Esta, aliás, é a palavra-chave de todo o cenário analisado em nossa pesquisa”, complementa.
No levantamento, os CEOs brasileiros também destacaram que, para investidores, reguladores e clientes, o interesse por ESG é mandatório e deve aumentar: para 86% há uma demanda significativa por mais relatórios e transparência, ante 48% no ano anterior. Sobre o impacto das ações de ESG no desempenho financeiro das empresas, 64% dos entrevistados acreditam que essas ações melhoram o desempenho das contas, contra 56% no ano passado.
Além disso, para 50% dos executivos brasileiros e 34% dos líderes do grupo global, adotar uma abordagem mais proativa para as questões sociais é o principal fator para acelerar a estratégia ESG de suas organizações nos próximos três anos.
Transformação digital
No Brasil, 88% dos entrevistados afirmam ter uma estratégia agressiva de investimento digital. Em um mundo cada vez mais conectado, o tema tem se destacado como um fator determinante para o sucesso empresarial. De acordo com a KPMG, 66% dos executivos brasileiros admitem a necessidade de maior agilidade para redirecionar o investimento para novas oportunidades digitais e retirar recursos de áreas em que há defasagem ou desatualização digital.
Um dado interessante está na inversão da preferência dos investimentos para a ampliação da transformação digital. No ano passado, 64% tinham a intenção de investir mais em tecnologia, e apenas 36% em suas equipes. Atualmente, o índice dos que pretendem investir em tecnologia caiu para 54%, mas subiu para 46% aqueles que investirão nos colaboradores.
Com o avanço da digitalização, também cresce a preocupação com os ataques cibernéticos: 70% dos brasileiros garantem que estão preparados para enfrentar essa ameaça e 82% afirmam que suas organizações têm um plano para lidar com um eventual ataque de ransomware.
Para acessar a pesquisa na íntegra, é necessário acessar www.kpmg.com.br/ceooutlook
Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti