Produtos digitais se destacam como o futuro do mercado no Brasil

País possui 447 milhões de dispositivos digitais em uso. Com a tecnologia em expansão, a tendência é existir um maior investimento em negócios virtuais

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postado em 07/11/2022 07:00 / atualizado em 07/11/2022 09:54
 (crédito: Getty Images/iStockphoto)
(crédito: Getty Images/iStockphoto)

O Brasil se tornou um dos países mais digitalizados da atualidade. A constatação foi feita devido a pesquisa realizada pelo Centro de Tecnologia Aplicada da Fundação Getulio Vargas (FGVCia), no mês de maio, onde foi indicado que, no país, há 447 milhões de dispositivos digitais (computador, notebook, tablet e smartphone) em uso doméstico e corporativo.

Com a expansão da tecnologia, foi possível tornar a sociedade mais vinculada ao mundo virtual, além de também trazer a possibilidades de novos negócios. É nesse cenário que os produtos digitais têm se destacado como um investimento inovador e de grande performance para se manter hiperconectado.

Segundo a KPMG, uma das maiores empresas de prestação de serviços profissionais de Auditoria, Consultoria e Consultoria Tributária, qualquer mecanismo em código, portanto, digital, que entrega um valor para um usuário, é considerado um produto digital. A distribuição e comercialização de software (SaaS) e o desenvolvimento de informações e experiências on-line podem se enquadrar, por exemplo, nesse novo mercado.

“Nós também podemos ter um companheiro digital para um produto físico. Um tênis pode vir acompanhado de um componente digital, normalmente em código, que complementa a experiência de compra e uso”, explica Oliver Cunningham, sócio de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e co-fundador da KPMG & Distrito Leap.

Oliver Cunningham, sócio de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e co-fundador da KPMG &Distrito Leap.
Oliver Cunningham, sócio de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e co-fundador da KPMG &Distrito Leap. (foto: Divulgação KPMG)

Porém, para Cunningham, o produto digital de maior destaque, na atualidade, tem sido o SaaS por ter emergido no mercado digital em diferentes formatos. Na prática, os consumidores passaram a buscar serviços que, antes, eram feitos manualmente, mas que, agora, estão sendo prestados por um software.

Na visão da sócia-diretora de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e co-fundadora da KPMG & Distrito Leap, Thammy Marcato, uma vez que você digitaliza um serviço através de código, por meio do SaaS, é possível auxiliar as empresas no que diz respeito à facilitação e distribuição de atividades.

Thammy Marcato, sócia-diretora de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e co-fundadora da KPMG &Distrito Leap.
Thammy Marcato, sócia-diretora de Inovação e Transformação da KPMG no Brasil e co-fundadora da KPMG &Distrito Leap. (foto: Divulgação KPMG)

“Você tem muitos SaaS voltados a aceleração de atividades manuais, capacidade de processamento de dados e de geração de insights. Também podem ser novos mecanismos que as empresas identificam para se posicionar no seu mercado”, indica.

O boom do e-commerce

Com a pandemia, a navegação pela internet ganhou destaque e aumentou o interesse dos consumidores por compras on-line. Segundo levantamento da Neotrust, empresa responsável pelo monitoramento do e-commerce brasileiro, as vendas virtuais registraram um faturamento de R$ 161 bilhões em 2021, atingindo um crescimento de 26,9% em relação ao ano anterior.

Cunningham acredita que o interesse das empresas em desenvolver comércios on-line envolve a visibilidade que um produto possui ao ser inserido na internet. Além disso, para ele, com a Covid-19 e a redução de acesso direto aos mercados físicos, houve uma migração muito grande para esse canal justamente para manter o acesso aos clientes finais.

“O e-commerce é a mesma experiência de uma vitrine digital. Algo que, antes, só era consumido em uma vitrine física, passa a ser consumível em todo território virtual”, destaca.

Marcato complementa a fala do seu sócio indicando o impacto de um empreendimento estar on-line. A especialista explica que o e-commerce pode ser transacional, visto que é possível finalizar presencialmente uma venda que iniciou em meio digital. Porém, há a necessidade de desenvolver discussões sobre a integração de todos os canais de contato disponíveis, estratégia que é conhecida como omnicanalidade, para melhorar a experiência do usuário e conduzir os relacionamentos com o público.

“Muitas empresas utilizam o próprio canal de e-commerce para fazer o primeiro step dentro de uma jornada que acaba indo para o ponto físico pela necessidade de interação humana. Essa é uma das grandes razões pelo qual o e-commerce tem se tornado essa ferramenta de crescimento econômico para um empreendimento, pois permite que as empresas estejam conectadas onde está a jornada do seu cliente”, complementa.

O futuro é digital

Na percepção da KPMG, a tendência é que os empresários apostem, cada vez mais, em tecnologias — seja de forma direta ou via software, com a entrega do serviço. Dessa forma, avalia-se que a evolução dos produtos digitais será constante, inclusive para os que já estão em destaque no mercado, como é o caso do e-commerce.

"À medida que a gente avança, tem acesso a dados e entende o que são os fluxos de dados que estão passando, quais são os seus comportamentos e as características do cliente, os produtos vão ficando cada vez mais personalizados. Devido a facilidade de novos entrantes no mercado, baseada nessa hiper personalização, acredito que o futuro dos produtos digitais é ter menos produtos, mas muito específicos para o público target daquela informação”, contextualiza Marcato.

Para as empresas que desejam aderir ao universo dos produtos digitais, a dica é avaliar os componentes estruturantes da organização para, posteriormente, aplicar o investimento. A tecnologia, por exemplo, muda radicalmente. Por isso, é necessário estar por dentro do que será implementado e de que forma isso mudará o dia a dia corporativo.

Quando se migra o canal de acesso ao mercado de físico para e-commerce ou quando há a transição de um modelo de produto/serviço de físico para digital, ocorre uma mudança operacional e substancial, que acompanha todo o processo.

“Uma tecnologia que, tipicamente, só atendia a questão transacional de uma operação comercial agora passa a ser uma estrutura relacional com a base de clientes. Os processos operacionais precisam se integrar ao processo transacional”, pontua Cunningham

Porém, para o profissional, é uma mudança necessária. Cunningham explica que quem não fizer essa transição, não vai conseguir estabelecer uma relação com a base de clientes permanente e definitiva. “Esses produtos amplificam a forma como uma organização pode gerar valor e estabelecer relacionamento com a sua base de clientes de forma bem mais ampla que o modelo tradicional”, destaca.

Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti

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