Doação de leite materno auxilia na recuperação de bebês internados em UTIs

Recém-nascidos prematuros, de baixo peso e com complicações de saúde precisam do alimento diariamente

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postado em 20/03/2023 00:00
 (crédito:  Getty Images/iStockphoto)
(crédito: Getty Images/iStockphoto)

De janeiro a dezembro do ano passado, os Bancos de Leite Humano e os Postos de Coleta (BLH/PCLH) do Distrito Federal receberam a doação de mais de 18 mil litros de leite humano, sendo uma média mensal de 1.526,8 litros para atender 13.279 bebês da capital. Mesmo assim, ao todo, 2022 contabilizou 791,4 litros a menos de doações do que em 2021.

Segundo a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES/DF), a conscientização da doação e o fortalecimento da campanha se fazem necessários para fomentar a rede de solidariedade na cidade. Isso porque, para auxiliar os recém-nascidos internados e cobrir outros casos de UTIs neonatais, busca-se conseguir a doação de dois mil litros de leite por mês.

“O recém-nascido que, normalmente, vai para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é prematuro ou de baixo peso, mas também existem bebês a termo que são internados devido à cardiopatia congênita, por má formação ou outros tipos de complicações”, explica a Dra. Miriam Oliveira dos Santos, médica pediatra e coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno do DF.

De acordo com a pediatra, a UTI neonatal é uma unidade onde vão todas as crianças que precisam de cuidados específicos para a sobrevida e que não possuem condições de ficar com as mães em alojamento conjunto. “Todos os bebês de UTIs neonatais podem, sim, receber o leite materno. Na ausência deste alimento, o ideal é que seja oferecido leite humano de banco”, explica Dra. Miriam.

Dados da SES/DF indicam que, em média, são realizados na rede pública três mil partos por mês na capital. Apenas no ano passado, foram realizados mais de 34 mil. Nesse cenário, a médica comenta que, diariamente, nascem bebês que precisam ficar na UTI, um ambiente estressante para as mães.

Por essa razão, muitas delas não conseguem tirar o leite para o próprio filho. “Em contrapartida, todos os dias nascem bebês saudáveis; e, com eles, mães aptas a doar leite”, aponta. Além disso, a coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno destaca que um potinho de 300 ml pode alimentar dez crianças.

Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), a amamentação exclusiva até o sexto mês de vida e complementada até dois anos ou mais traz diversos benefícios para as crianças. Ainda para os prematuros, o leite atende as necessidades fisiológicas do organismo e auxiliam na sobrevida do recém-nascido.

Para os casos em que o bebê não possui condições de sugar adequadamente, o leite materno é oferecido por outras vias, como sonda, seringa ou copinho. A entidade ainda reforça que, por meio da amamentação, é possível oferecer todas as gorduras, proteínas e outros componentes necessários para nutrir um indivíduo.

"A gente tem que lembrar que o leite humano é alimento padrão ouro na alimentação infantil. A sobrevida do ser humano até hoje, desde os primórdios, é porque as crianças mamaram no peito, foram alimentadas com leite materno. Como é o melhor alimento, ele traz fatores de defesa imunológica, traz fatores de crescimento e desenvolvimento, o que auxilia nas crianças que são sadias e, também, nas que estão doentes" Dra. Miriam Oliveira dos Santos, médica pediatra e coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno do DF

Dra. Miriam indica que as crianças que recebem leite materno ou leite humano de banco têm menos risco de morbimortalidade, isto é, de ficarem doentes ou de morrerem. Dessa forma, o início da amamentação na UTI neonatal tem que ser o mais precoce possível, entretanto, depende das condições clínicas do indivíduo.

“Não tem como a gente prever quando começará o aleitamento. O bebê que está bem, começa de forma imediata. O bebê que está grave, deve iniciar o mais precoce possível, mas ainda assim depende do seu estado clínico e do diagnóstico. Por exemplo, se for uma criança que nasceu com má formação abdominal, ela provavelmente ficará em dieta zero por um bom tempo até que seja resolvido esse problema cirúrgico”, contextualiza a coordenadora das Políticas de Aleitamento Materno do DF.

Dra. Miriam ressalta que todas as UTIs neonatais do DF têm banco de leite humano. Após a doação, o leite passa por um processo de pasteurização e é encaminhado para as unidades de terapia. As redes recomendam que as mães de prematuros façam a coleta do leite na beira do leito, ao lado da incubadora do bebê. “A gente ensina a mãe a fazer a extração: a mulher se protege com uma touca, máscara e, além disso, lava bem as mãos e o seio para realizar a extração”, pontua.

Com dez hospitais regionais responsáveis por receber, pasteurizar e repassar o alimento a recém-nascidos em internação neonatal, esses locais também são responsáveis por orientar as mães acerca da prática da amamentação e da melhor pegada do bebê ao bico do seio para não causar desconfortos e feridas.

Para as mulheres que desejam doar da própria casa, com intuito de auxiliar as UTIs neonatais, o site Amamenta Brasília (http://amamentabrasilia.saude.df.gov.br/) recomenda:

14 passos para doar, divulgado no portal Amamenta Brasília, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal
14 passos para doar, divulgado no portal Amamenta Brasília, da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (foto: Amamenta Brasília)

Matéria escrita pela jornalista Gabriella Collodetti

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